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O samba do afrodescendente descompensado

                Quando o jornalista Sérgio Porto, que mexeu com as estruturas dos poderosos de plantão, sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, criando o famoso termo FBEAPÁ – Festival de Besteiras que Assola o País – criou o “samba do crioulo doido”, ninguém era obrigado a se incomodar com o uso de eufemismos para designar a raça negra, menos ainda teria problemas em designar doido com o termo que merece. Hoje, na era das patrulhas que perseguem o que entendem ser politicamente incorreto, está difícil até fazer poesia e sátiras.

                Sendo assim, para evitar desgastes desnecessários, batizei este artigo com o indigesto título de “samba do afrodescendente descompensado.” A meu ver, impera na corrida para a prefeitura de Goiânia, numa projeção da insanidade que afeta o País, algo tão mirabolante e sem nexo, quanto a deliciosa e irreverente letra de Sérgio Porto. Quase nada faz senso!

                Iris Rezende Machado, um veterano de muitos carnavais, curvado pela experiência e pelo desgaste de 82 anos, empata nas pesquisas com o Deputado Federal, Delegado Waldir, que surgiu zunindo como uma bala de fuzil e ainda não mostrou serviço no cargo recentemente ocupado. Numa indecifrável incongruência do eleitor, ambos se igualam na rejeição. Faz senso?

                Na prática trata-se de um juízo difuso. Ao longo de anos em que exerceu o poder, com direito a mando e desmando, é natural que Iris tenha deixado desafetos na cauda do foguete. E Waldir? Está sendo rejeitado com que base? Preconceito? Gente que não gosta de delegado? Vai entender!

                As análises, dos próprios candidatos, sobre os resultados da última pesquisa complicam ainda mais o enredo. Em honroso terceiro lugar, Vanderlan Cardoso gostou, mas diz que a amostra indica apenas os mais conhecidos. Considerando que ele já foi candidato a governador, está na praia política com tempo suficiente para ter uma insolação, a frase não quer dizer nada.

                Adriana Accorsi afirma, sem muita convicção, que a população quer ouvir ideais sem se ligar em partido. Pode ser! Muito conveniente, considerando que o maior adversário da Delegada, que possui um currículo ético considerável, é o PT.

                Giuseuppe Vecci, que participou ativamente das administrações Marconi Perillo, carrega uma lanterna pesada, com tímidos 3%, e acredita que será vitorioso ao ser conhecido. Há poucos meses do pleito, um otimismo admirável.

                Como diria Sérgio Porto, tem gente na jogada que pode “arresolver” se casar. Com exceção de Luiz Bittencourt, que tem carisma e realmente esteve fora do “spot light”, a turma da rabeira pode servir aos tradicionais acordos. Chega a ser engraçado, se não fosse trágica, a percepção de Djalma Araújo. Para ele, a pesquisa mostra só nomes conhecidos e que, a partir do contato com o eleitor, a tendência é que os representantes da velha política caiam. Tais brincando, cara pálida? Djalma é um vereador de longa quilometragem, figura carimbada com polêmicas e/ou apupos na imprensa. Ele representa um novo conceito? “Aliou-se a Dom Pedro e acabou com a falseta?” Nem com boa vontade dá para engolir!

                Hilariante mesmo é Flávio Sofiati (queria ser dono do mundo?). Ele fez uma declaração surpreendente, que se trata de sua primeira campanha. Verdade! Segundo ele, é uma eleição difícil, mas é a primeira vez que a esquerda tem chances por conta das regras. É de endoidar qualquer branco ou crioulo. De onde ele tirou essa conclusão? Em que as regras ajudam a esquerda num Estado com origens rurais e com aversão a ela? Falta-me inteligência para entender? Pode ser, sou um beócio para entender equações difusas e inimagináveis.

                Tirada interessante mesmo foi a de Alexandre Magalhães: existem dois blocos na frente e no terceiro é tudo japonês. Epa! Embolou geral! Não tem negro? Só uma mulher no pleito? Tudo “japonês”, sem nenhum “japa” na jogada. Aí sim, endoidou geral. Melhor dizendo, descompensou. Pronto, falei!

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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