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O pó de cal e os coveiros improvisados

Eu considero Aécio Neves um clássico exemplo da politiquice sem caráter algum. Em particular, pouco me importo com seu destino, e entendo que sua trajetória como homem público provou ser um lixo desprezível, não é à toa que, num sarcasmo de fácil dedução, a galera afirma que recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), determinando a perda de seu mandato de Senador, recolhimento noturno e confisco de passaporte, é um “pó de cal em sua carreira.” A pá se prestaria a enterrar figuras menos expressivas do corrupto enredo nacional, afinal de contas, o homem quase se tornou Presidente.

No entanto, mesmo sob o risco de naufragar em águas que não devia estar nadando, entendo que o STF agiu como se fosse um coveiro improvisado, afinal, até para enfiar o caixão na cova urge seguir o rito adequado. Não me parece adequado, a não ser nos termos que a Constituição preconiza – em flagrante delito – afastar um Senador sem o julgamento adequado de seus pares. Se essa imposição desagrada gregos ou troianos é necessário mudar a carta magna.

Não se trata, para deixar mais claro do que nunca, de uma posição para defender Aécio Neves. É a constatação de um leigo preocupado, por isso mesmo não utilizo o jargão próprio dos legisladores, com a necessária divisão dos poderes. Fundamento que, se ruir, arrasta a República para o rol das feiras que vendem banana podre.

É possível que, na publicação desse artigo, o legislativo já tenha reagido com reflexo nas vísceras da decisão, mas fica uma boa pergunta: a troca de que o STF entrou nessa teia de aranha? Para jogar mais lenha num País que arde no fogo da insegurança? Por desconhecer os óbvios questionamentos da decisão? Vai além do meu senso entender o que se passa.

Vivemos momentos difíceis, sem que um poder tão importante contribua. A economia se recupera aos solavancos e o enredo da crise já se agasta em excesso de sal. Só nos falta uma guerra, mesmo que sob panos quentes, entre os poderes, para diminuir ainda mais a confiança internacional. Vale lembrar Jesus, será que os deuses em Brasília sabem o que fazem?

 

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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