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O impagável Eduardo Suplicy

    Descrever Paulo Francis não é uma tarefa para amadores. Quem não conheceu sua verve fulminante jamais vai entender porquê os invejosos o chamavam de Carmem Miranda do caos ou representante da direita espumante. O fato é que ele deve estar rindo em algum lugar refinado. Ninguém podia acusá-lo de mau gosto, depois que provaram que a Petrobras sempre foi um poço de corrupção. O jornalista foi um dos pioneiros em denunciar os desmandos na estatal. Dizer que ele foi assassinado pela multinacional do petróleo, vítima do desgosto de ser processado à exaustão, é um exagero. Francis sempre pairou acima das mediocridades.

    Já entrou para folclore sua birra com Eduardo Suplicy, a quem ele se referia, num evidente desrespeito aos que tomavam o remédio, de “mogadon”. Na época, sem os atuais exageros do politicamente correto, era possível tal proeza. Era uma forma de sintetizar o espirito ciclotímico do político, cujas ações pareciam surtos incontroláveis de algum tipo de convulsão.

    Se Paulo Francis voltou ao pó, Eduardo Suplicy fez o eleitor esquecer que ele é um legítimo Matarazzo, com toda a esnobação que o nobre sobrenome ainda carrega, e está mais vivo do que nunca na lista dos vereadores mais votados do País. Fiel ao seu próprio estilo, já avisou que será candidato em 2018.

    Tempos idos, era comum usar a expressão “impagável” para dizer, com elegância, que o sujeito se prestava a excentricidades imprevisíveis. Dependendo do ângulo, podia ser elogio ou crítica, visto que o vocábulo  também se ajeitava ao cidadão engraçado, espirituoso.  Deixando de lado os atributos do segmento farmacêutico, mesmo porque hoje seria mexer em caixa de maribondos, entendo que Eduardo Suplicy tem o viés dos impagáveis.

    Ninguém se incomoda se ele vestir uma cueca por cima da calça, como já o fez, ou se levar sopapos da polícia por enfiar a ruela na hora errada e no lugar errado. Faz parte da personalidade Suplicy.

   No momento que poucos demonstram saudade por Dilma ou apreço por Lula, ele se declara deprimido porque nenhum deles ligou para parabenizá-lo na vitória eleitoral. Isso, mesmo tendo sido esnobado ao exagero por Dilma, que nunca o respeitou.

   O sucesso do Matarazzo enrustido vem justamente de sua visível metamorfose ambulante. Habilidoso e ajustável, se enrosca com os jovens tendo aprovação, ao mesmo tempo da esquerda caviar e da extrema direita brucutu. Saber para que lado vai pender Suplicy é uma tarefa pra lá de Paulo Francis.

   O método doidão responsável funciona que é uma beleza. Nem o filho Supla, ao que consta, um roqueiro da pesada, consegue superar as proezas do pai. Aliás, toda a família age como uma nuvem volátil.  A ex-ministra Marta Suplicy, que ao contrário do ex-marido não obteve sucesso no pleito, já provou que merece o sobrenome, tendo participado intimamente do governo petista para depois repudiar a legenda. Isso para não lembrar que durante a crise aérea mandou o time dos patrícios “relaxar e gozar”. Evidente que, não fossem as péssimas condições dos aeroportos, seria uma boa ideia. Faltou lugar para a proeza sexual sugerida.

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Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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