Não existe dúvida dos interesses que envolvem a refrega entre os grupos que digladiam para controlar a estrutura dos que possuem ações da Pousada do Rio Quente. É um negócio bilionário, que só tem parâmetro na longínqua Andorra, uma pérola engastada entre a Espanha e França. De resto, a maior estância hidrotermal do mundo, de longe a mais charmosa e rentável, é um negócio que gera cobiças capazes de justificar artimanhas a altura de elevados interesses envolvidos.
Sem entrar no mérito de quem tem razão no quiproquó, mesmo porque a justiça certamente vai se manifestar numa quizila com desdobramentos inacreditáveis, estou convicto, pelas inúmeras filmagens, depoimentos e fotografias, que houve, na Assembleia do dia 08 de Abril, um flagrante desrespeito ao Estatuto do Idoso. A diretoria da Pousada errou feio, e esse fato não pode ser ignorado, marcando um horário que dificultou a chegada de sócios com idade avançada, tendo pleno conhecimento de que muitos anciões teriam que comparecer, deixando centenas de veteranos expostos ao sol inclemente.
O atendimento no conclave, sobretudo considerando o know-how de quem sabe lidar com o público e tinha como fazer tudo como manda o senso ético, foi de uma morosidade desrespeitosa, numa vergonhosa sucessão de erros que humilhou pessoas com mais de 90 anos e gente que fez o esforço de comparecer em cadeira de rodas.
Nada justifica essa posição com pessoas humildes, veteranos de nossa terra, que merecem atendimento honrado indiferente às escaramuças em busca de controle. Esse é o fato que merece pronta atenção da Delegacia do Idoso e do Ministério Público.
Foi um ultraje poucas vezes tão documentado em terras goianas. Ora, com todos os defeitos que temos, somos um povo respeitoso com as famílias. Trata-se de exceções, e não de regra, aviltar aposentados em terras do cerrado. Com que direito? Quem foram os irresponsáveis, não importa a justificativa, por submeter velhos acionistas a uma situação degradante?
São questões que merecem resposta. Ou não? Se aspectos jurídicos pendem para uma chapa ou outra, torna-se irrelevante frente ao desrespeito humano. Em uma nação civilizada, os prejudicados moveriam ações com indenizações milionárias. Seres humanos, com idade avançada e saúde debilitada, não podem ser tratados como gado a ser marcado no curral. Se as autoridades goianas, doa em que doer, não investigarem esse importantíssimo ângulo, vamos passar uma triste mensagem de que em nossos rincões o Estatuto do Idoso é apenas um lixo jurídico.
No arremate, uma eleição com o tumulto que foi realizado, merece ser novamente convocada, em tempo hábil e estrutura decente. Mantendo fiscalização independente, sem que nenhuma das partes possa temer pelo resultado. Referendar um pleito correto, em condições ideais, seria uma ótima oportunidade para os dirigentes da Pousada pedirem desculpas e provarem que os desacertos não foram maldosos ou premeditados. Com essa deferência, o resultado, seja ele qual for, vai legitimar, dignificando a chapa vencedora.
Vitória sob o manto de firulas jurídicas, dando a sensação de um resultado goela abaixo, não me parece de interesse de homens sérios, executivos de peso, que investiram sua credibilidade num projeto que tinha tudo para ser simples e transparente. O pior dos cenários é imaginar que havia políticos profissionais acirrando um resultado destorcido. Esse segmento está tão em baixa, com sofrível avaliação, que é de se duvidar de uma ousadia para interferir no desfecho. Novos ares, e juízes corajosos, estão enfiando poderosos na cadeia.
Rosenwal Ferreira
Jornalista, Publicitário e Terapeuta Transpessoal
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