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“Não existe mais chapa”, diz Rafael Lara que busca convergir advocacia

Na noite do último dia 19 de novembro, a disputa pelo comando da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás (OAB-GO) chegou ao fim quando a advocacia goiana optou por consagrar o jurista Rafael Lara, da chapa Compromisso OAB, para a presidência da Ordem. A gestão é de três anos, ou seja, Lara, que venceu a eleição com 39,57% dos votos válidos, comandará de 2022 a 2025.

Com 100% das urnas apuradas, o segundo colocado foi Pedro Paulo Medeiros com 34,11%. Depois, aparece o nome de Rodolfo Mota com 14,92% e depois Valentina Jungmann com 11,40%. Ao todo, foram 18.966 votos computados, o que equivale a 25,77% do eleitorado. Outros 25,77% não compareceram. O percentual equivale a 6.583 advogados faltosos. Dos votantes, 252 votaram branco e  320 nulo.

Pensando em explorar os principais pontos que nortearão o comando da OAB-GO a partir do ano que vem, o programa Face do Poder, apresentado pelos jornalistas Wilson Silvestre e Edna Gomes, recebeu o advogado.  A entrevista já está disponível no canal o O Hoje no YouTube, basta pesquisar por O Hoje News para ter acesso ao conteúdo completo. A seguir, você confere alguns dos questionamentos, bem como as respostas de Lara para cada um deles.

Edna Gomes: Historicamente a OAB-GO permaneceu desatrelada ao Poder Público, exercendo seu papel fiscalizador com autonomia e independência, mas ultimamente, com raras exceções, tem atuado como militante político. A instituição deixou a isenção de lado?

“No Estado de Goiás vemos um caminho inverso onde a gente percebia historicamente uma situação em que a OAB-GO estava atrelada o poder político. Tivemos casos de um presidente que deixou a OAB-GO para assumir uma secretaria, por exemplo. Mas nos últimos seis anos a gente percebeu uma Ordem efetivamente independente politicamente, exercendo um papel de independência política.

Quando falo de independência política não estou falando de uma Ordem apartidária, porque a sociedade não é, mas de uma Ordem suprapartidária. Nos quadros da OAB-GO, fomos eleitos nessa última eleição numa chapa com 114 pessoas. É claro que dentro de uma chapa como essa, temos representatividade de todos os partidos políticos e ideologia da sociedade. Desde as que estão mais à esquerda até as que estão mais à direita.

Claro que individualmente essas pessoas exercem o seu papel político na sociedade, mas isso não pode ser o papel da Ordem ou da presidência. Acredito muito nessa independência. Essa impressão que se passa de uma Ordem politizada, partidarizada, talvez se justifique em razão dos últimos três anos, onde o presidente do Conselho Federal estava em uma posição de contraponto à presidência da República, aí passou-se a interpretar que a Ordem estaria posicionada dessa forma.

Quero acreditar que a OAB-GO esteve independente e tem estado de forma muito firme nos últimos seis anos e afirmo que nos próximos três é assim que estaremos também”.

Wilson Silvestre:  O sr. falou muito sobre o papel da OAB-GO, que tem um protagonismo social importante, seria quase um mantra dizer que as pessoas menos esclarecidas e pobres procuram o advogado como um asilo e os ricos como uma sustentação da honra. É assim mesmo que o mundo contemporâneo tem tratado a OAB-GO?

“Eu vejo o papel da Ordem, especialmente da advocacia, sendo modificado nos últimos anos e agora, com a pandemia, que é efetivamente uma aceleradora do futuro, esse papel acaba se tornando um grande desafio para uma próxima gestão.

Nós teremos, na próxima gestão uma sociedade em reconstrução. Esperamos uma sociedade que olhe para o futuro novamente. Nesse contexto de sociedade, que olha para o futuro, a advocacia é parceira. É um elemento fundamental, propulsor de futuro. Hoje temos novos negócios, estruturas e oportunidades. Tratando-se do próprio jornalismo, por exemplo, quem diria há dois anos e meio que boa parte das equipes estariam em casa trabalhando, com efetividade em uma realidade de teletrabalho?

Da mesma forma a advocacia e outros setores. Somos parceiros em um processo de reconstrução de negócios. Temos que sair um pouco da visão de litigiosidade. Porém, a Ordem continuará, assim como a advocacia, aquela parceira, que será voz da sociedade nos litígios. A advocacia tem se fortalecido e está cada vez mais presente e importante”.

*Wilson Silvestre: Disputas eleitorais sempre deixam mágoas e pessoas insatisfeitas com o resultado. Assim que tomar posse o primeiro dia pretende desarmar os espíritos e somar forças?*

“Nem precisa da posse. Desde o dia 20 de novembro. No dia seguinte às eleições, tenho dito repetidamente que não existe mais cor, não existe mais chapa, não existe mais número. A advocacia é uma só. A política institucional não é feita de partidos políticos. Aquelas ligações que existiam durante a campanha, são ligações independentes em torno de um projeto, em torno de algo que se acredita.

Desde o dia 20 de novembro isso ficou para trás.  A advocacia não pode permitir que aconteça com ela o que vemos na sociedade, num dualismo, rivalidade e polarização entre forças. Somos uma classe que deve permanecer unida e nossa gestão vai ser, de fato, voltada à toda a advocacia, independentemente do que aconteça nas eleições”

Edna Gomes: Sua vitória deu uma chacoalhada nos advogados mais jovens, eles estavam desanimados com a instituição principalmente pelo fato de que as prerrogativas dos advogados em determinados casos foram atropeladas. O sr. pretende ser mais assertivo sobre futuras  queixas que, porventura, cheguem ao seu conhecimento?

Temos um projeto voltado às prerrogativas. É importante lembrar que esse assunto estará sempre presente em qualquer eleição de Ordem, em qualquer estado do Brasil. Falar de prerrogativa da advocacia é falar em respeito ao cidadão e à sociedade. O advogado é um representante da sociedade, muitas vezes sinônimo de esperança perante um problema ou o Estado.

Falar nessas prerrogativas é falar no bom exercício do profissional para esse cidadão. Por isso, digo sempre que prerrogativas dos advogados deveriam ser assunto de todo mundo, algo defendido veementemente por cada cidadão desse país, pois é esse advogado, valorizado e respeitado, que irá representá-lo quando qualquer um de nós enfrentarmos um problema.

O que temos percebido, é que existe uma expectativa diferente em relação às queixas de violação das prerrogativas, por isso trouxemos, durante a campanha, que teremos um aplicativo prático para essas denúncias. Sempre que reportadas, elas serão transformadas em representações e haverá um encaminhamento às corregedorias de quem está ferindo essas prerrogativas. A intenção é que haja sempre uma medida correcional a respeito.

Wilson Silvestre: O sr. mencionou a palavra queixa. Há um assunto espinhoso na OAB-GO que é o exame da Ordem. Isso tem sido criticado por grande parcela da sociedade, mais precisamente pelos recém-formados. É possível encontrar uma solução para resolver essas demandas?

O exame é necessário, independentemente de se considerar a prova da maneira que é feita hoje, se adequada ou não, o exame da Ordem é fundamental. O que acontece no curso de Direito é diferente do que se acontece em muitos outros. No curso de medicina, por exemplo, a pessoa que se forma, se torna médico, o mesmo na engenharia e tantos outros. No curso de Direito, a pessoa se forma não sai de lá advogada. Sai bacharel em Direito. A partir dai é que se começa um novo processo de formação profissional, onde a pessoa pode se tornar advogado, promotor, delegado, escrivão, oficial de justiça e tantas outras carreiras jurídicas que temos. O exame de ordem faz parte de uma etapa de formação de quem quer se tornar advogado. Ele é muito criticado por recém-formados que, a partir de aprovado, passam a entender sua importância e defendê-lo. É raro encontrar um advogado, já inscrito na ordem manifestando-se contrário ao exame”.

 

O HOJE

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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