Artigos

Matou os filhos e recebeu aplausos

Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou um novo ciclo em sua retumbante biografia. Fase que atrevo batizar como “ lulacentrismo escrachado”.

Não causa surpresa que o Deus do Planalto seja egocentrado e que mantenha arroubos de personalismo acima da média comum. Tal característica foi combustível para torná-lo mandatário mor da nação. Causa surpresa que seu egoísmo tenha mandado para as minhocas a agremiação que ele fecundou por várias décadas. O Partido dos Trabalhadores ( PT) virou pó.

Disposto a salvar o último dos coronéis – o já desmoralizado Senador José Sarney –, o presidente agiu com o espírito de um general autoritário. Atropelando consciências e na base do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, humilhou o colega Aloizio Mercadante, mostrando que o PT não controla sequer o próprio nariz.

É vergonhoso perceber que homens que até ontem mostravam fibra moral tornaram-se meros bedéis de um senhor de senzala moderno. A troco de quê? De socorrer um dos símbolos mais clássicos da oligarquia nordestina que mantém o País no atraso? Como forma de garantir o apoio incondicional do PMDB, que não pula em galho seco?

O desprezo que Lula demonstrou pelos companheiros históricos terá consequências. Segmentos importantes, que sempre deram aval ao PT, perceberam claramente o desastroso espírito de filáucia imoral. Ao enfiar goela abaixo uma decisão que afeta o bom juízo ético, o presidente enterrou o PT em cova rasa. O mais interessante é que o assassinato moral do partido não afeta o presidente. Ele certamente continuará recebendo aplausos. Líder teflon, em que nada gruda, pode se dar ao luxo de aniquiliar os pupilos e sair nos braços da multidão. Nunca antes nesse País, para usar uma expressão a gosto do imperador da altiplanura, um dirigente ousou ordenar tão abertamente votos na distorção de pôr a consciência em almoeda.

Sem pulso, com o moral na sarjeta, com receio de apear do poder, os pseudolíderes do Partido dos Trabalhadores se ajoelharam ao único farol que conseguem enxergar. Lula tornou-se começo, princípio e fim. Eu nunca duvidei que as prioridades de Lula são Lula, ele próprio e si mesmo. Quem pensou o contrário está amargando o caldo dos desiludidos.

O PT não merece. Que Sarney e Lula se merecem, isso eu não tenho dúvidas. Aliás, que Renan Calheiros, Fernando Collor, Paulo Maluf, Wellington Salgado, mesmo sendo companheiros de última hora, hoje têm mais a ver com Luiz Inácio da Silva do que Marina Silva, Mercadante e Eduardo Suplicy.

Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

Deixe seu Comentário

Clique aqui para comentar

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.