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Keiko Fujimori lidera no Peru, mas voto rural ainda pode virar eleição

Peruvian presidential candidate, right-wing Keiko Fujimori, waves to her supporters as she leaves the polling station after casting her vote, during the presidential runoff election in Lima, on June 6, 2021. - Peruvians face a polarising choice between right-wing populist Keiko Fujimori and radical leftist Pedro Castillo when they elect a new president on Sunday, in a country looking forward for a return to normalcy after years of political turbulence. (Photo by Luka GONZALES / AFP)

Votos do campo, da selva e do exterior podem definir a eleição presidencial de domingo, 6, no Peru, onde pesquisas iniciais de boca de urna apontam a candidata conservadora Keiko Fujimori numericamente à frente do esquerdista Pedro Castillo, em um país devastado pela pandemia, em recessão e sob incertezas políticas.

A contagem oficial é liderada por Fujimori com 51,52% dos votos, seguido por Castillo com 48,47%, de acordo com um relatório do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE), com 80,7% das seções eleitorais apuradas.

As autoridades, no entanto, alertaram que essa contagem foi predominantemente urbana, onde o candidato conservador tem uma vantagem.

Horas antes, a primeira votação oficial de 42% das assembleias de voto provocou explosões de alegria em bairros ricos de Lima, como Miraflores, onde as pessoas se dirigiam às janelas de suas casas para comemorar uma vitória parcial de Fujimori.

Gritos de “Viva o Peru!” e “Keiko venceu!” ressoaram de prédios no meio de ruas desertas devido ao toque de recolher noturno em vigor devido à pandemia, confirmou um jornalista da AFP.

Os primeiros resultados injetaram coragem naqueles que temem ver seu país “cair no comunismo” se Castillo for presidente.

Poucas horas antes, uma pesquisa de boca de urna da Ipsos Peru havia dado a Fujimori uma vantagem de 50,3% sobre os 49,7% de seu rival, mas então uma contagem rápida de votos do mesmo instituto rendeu um resultado inverso, com 50,2% para o professor da escola rural e 49,8 % para a filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori.

A contagem rápida, que tem margem de erro de 1%, “nunca deu errado” nas eleições presidenciais peruanas, disse Fernando Tuesta, ex-chefe do ONPE.

“O que mais se aproxima do resultado final é a (contagem rápida) de Ipsos”, comentou Tuesta no Twitter.

O ONPE sempre entrega resultados de áreas urbanas em seus primeiros relatórios e o porcentual que falta, que leva muito tempo para ser analisado, vem de áreas rurais, de selva e estrangeiras.

Se não houver retrocessos nesta segunda-feira, 7, os resultados podem chegar a níveis irreversíveis, mas não estão descartadas as contestações de votação, o que atrasaria a definição em caso de pequena diferença.

No primeiro turno, os dois candidatos juntos tiveram pouco mais de 32% dos votos válidos, com vantagem para Castillo (18,9% ante a 13,4%). Com a disputa muito apertada, o voto dos peruanos que estão fora do país fará a diferença. Pelo menos 1 milhão de peruanos estavam aptos a votar em 75 países.

Os expatriados representam quase 4% dos 25 milhões dos aptos a votar. Apenas 0,8% compareceram no primeiro turno em abril, quando os bloqueios por causa da covid-19 eram comuns. Segundo o chefe do Escritório Nacional de Processos Eleitorais do Peru, Piero Corvetto, com os programas de vacinação mais avançados em áreas onde a comunidade peruana é maior – Estados Unidos, Espanha, Argentina e Chile – a participação provavelmente aumentará e ficará próxima de 1,5%.

Calma, em primeiro lugar

Castillo, de 51 anos, reagiu com calma ao resultado parcial e de sua cidade natal, Cajamarca (norte), alertou que “nossos votos, da área rural, ainda precisam ser contabilizados”.

Fujimori, 46, não comentou os primeiros números oficiais, que recebeu com a família em sua casa em Lima. Pouco antes, o candidato da esquerda havia comentado que os resultados de boca de urna deveriam ser tomados com “prudência” porque a margem de diferença era “pequena”.

“Aqui não há vencedor nem perdedor, aqui o que se deve finalmente buscar é a união de todos os peruanos”, acrescentou com um gesto severo.

Uma missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) está no Peru monitorando as eleições, liderada por Rubén Ramírez, ex-ministro das Relações Exteriores do Paraguai, e até agora tem apoiado o trabalho das autoridades eleitorais peruanas.

Quem vencer terá o grande desafio de tomar medidas urgentes para superar a pandemia, a recessão econômica e a instabilidade política, além de lidar com um Congresso fragmentado, corrupção e má gestão pública. Seja lá quem for o escolhido, porém, o Peru continuará mantendo um perfil conservador com a recusa de ambos postulantes em legislar sobre aborto, casamento homossexual e identidade de gênero.

Uma mulher ou um pobre homem?

Keiko Fujimori pode acabar sendo a primeira presidente mulher do Peru, objetivo pelo qual trabalha há 15 anos, desde que assumiu a tarefa de reconstruir quase das cinzas o movimento político de direita fundado por seu pai, Alberto Fujimori, em 1990.

O ex-presidente está sob investigação da promotoria peruana no caso das contribuições ilegais da gigante da construção brasileira Odebrecht, um escândalo que afetou também quatro ex-presidentes peruanos. Por este motivo, ele já passou 16 meses em prisão preventiva.

Casada e com duas filhas, se vencer, a herdeira Fujimori abrirá um precedente ao ser a primeira mulher nas Américas a chegar ao poder seguindo os passos de seu pai.

Do outro lado está Castillo, que saiu do anonimato há quatro anos liderando uma greve dos professores e que, se tiver sucesso nas urnas, poderá ser o primeiro presidente peruano sem vínculos com as elites políticas, econômicas e culturais.

Castillo “seria o primeiro presidente pobre do Peru”, disse o analista Hugo Otero à AFP.

Fonte Estadão

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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