O governo quer formar uma base maior no Congresso, e a nomeação do senador Ciro Nogueira para a Casa Civil é só o início. Por telefone, o novo articulador do governo conversou com líderes formais e informais a fim de ampliar a base de sustentação. A estratégia é criar um grupo para dar apoio ao governo acima até dos partidos. Há também conversas para uma espécie de bandeira branca. Nomes marcadamente de oposição ao presidente foram contatados para reduzir a pressão e dar uma trégua. O alvo agora é a aproximação com partidos tradicionalmente governistas, como o MDB. Se houver mesmo a formação de uma base informal, com participação de deputados e senadores de siglas que formalmente não fazem parte da ala governista, haverá reação. O MDB antecipa que aceitar nomeações significa exclusão do partido. Uma base desvinculada do presidente é uma novidade e só pode ser formada em caso de extrema crise política, o que não é o caso.
Com o Centrão no comando da política, a situação muda, mas, no Senado, ainda há dificuldades para o Palácio do Planalto. Este é o grande desafio do ministro Ciro Nogueira. A emenda do voto impresso está fora das negociações, mas a defesa do governo, acima até da defesa do presidente Jair Bolsonaro, pode parecer um poder paralelo, mas é assim que funciona o novo acerto. Os deputados e senadores que integram este acordo já são governistas históricos, mas estão agora fora do poder por opção do próprio governo, que agora abre as portas para os aliados de sempre. Se conseguir o entendimento, uma nova base será montada, e Bolsonaro terá facilidades no Congresso. O preço é o atendimento de demandas. Alguns querem cargos, outros, a agenda dos ministros e proximidade com o poder. O grave neste caso é dar a coisa errada para o parlamentar.
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