Economia

Gasolina alta e baixo retorno financeiro levam motoristas de aplicativo a abandonar trabalho

Em 2014, o aplicativo Uber chegou ao Brasil e revolucionou a forma como as pessoas se locomoviam. Com a facilidade de chamar um motorista pelo celular, esse serviço se popularizou e ganhou cada vez mais adeptos. Contudo, em meio a uma pandemia com os preços de combustíveis cada vez mais altos, está mais difícil ser motorista de aplicativo.

Rodrigo Vaz é motorista de aplicativo há 6 anos e nunca enfrentou tantas dificuldades para conseguir ter uma renda. Trabalhando o dia inteiro, sem nem parar para almoçar, Rodrigo afirma que antes, em Goiânia, havia cerca de 40 mil motoristas do Uber, mas que agora esse número não deve chegar nem a 10 mil. Apenas em 2021, o preço do litro da gasolina foi reajustado seis vezes ultrapassando a casa dos R$ 5 em quase todos os postos. Com esse reajuste, Rodrigo contou que hoje gasta para reabastecer o carro R$215 e que antes da pandemia era cerca de R$130.

O aumento no abastecimento do carro e nas taxas de recolhimento da Uber estão fazendo com que os motoristas recebam cerca de R$3, R$5 por corrida. Com isso, Rodrigo explica que corridas muito longas não está mais compensando “porque o valor é pequeno”. Ele critica o posicionamento dos aplicativos de corrida e afirma que “somos cidadãos autônomos que temos que ir para rua tirar uns trocados, essa parte do bolso fica para a empresa, para o dono da plataforma e para os postos de combustíveis”.

Nessa história quem também sai perdendo são os passageiros frequentes do aplicativo de transporte. Está cada vez mais difícil encontrar um carro, devido a diminuição de motoristas, e também caminhos mais longos estão saindo mais caro para os motoristas. “Quem sofre por isso tudo é o motorista, é o passageiro que precisa do nosso serviço”, diz Rodrigo.

Em alguns casos, desistir foi a melhor opção. No caso de Adriano Almeida, ele desistiu de ser motorista da Uber após ver sua renda que era de R$2000 por mês passar a ser de R$500. “Hoje não dá mais lucro, o dinheiro fica todo no abastecimento”, disse Adriano que trabalhou por três anos no ramo e desistiu há 5 meses depois de conseguir um outro emprego.

Um dos maiores problemas enfrentados pelos motoristas da Uber é o fato deles não reajustarem o valor das corridas. Os motoristas continuam pagando mais pelo combustível e recebendo de menos.

Em nota, a Uber disse que “o preço dos combustíveis foge ao nosso controle, mas entendemos a insatisfação e trabalhamos para ajudar os parceiros a reduzir gastos fixos”. Segundo o motorista Rodrigo Vaz, hoje em dia a Uber recolhe cerca de 50% do valor total das viagens. Sobre as taxas, a Uber afirmou que “há confusão entre os motoristas parceiros sobre o valor da taxa” e que “em 2018, ela se tornou variável e passou a fazer parte da estratégia da Uber em oferecer descontos para os usuários de modo a incentivar que eles façam viagens” e que por isso “em algumas viagens ele pode aumentar enquanto, em outras, pode diminuir”.

Para Rodrigo, a única solução nesse momento para os motoristas de aplicativo é ganhar apoio do governo ou patrocínio de postos de gasolina para conseguir contornar essa crise e finaliza dizendo que “dentro da pandemia não estão sendo sensíveis com os motoristas”.

 

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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