Uma coisa é certa: o inquilino do Planalto cumpre à risca as promessas realizadas durante a campanha presidencial delegando, aos ilustres congressistas e senadores, decisões que afetam diretamente a vida da população brasileira e põem à deriva todos os acordos de cooperação que compõem a agenda climática internacional dos quais o Brasil é signatário. Ao assistir a “live” de Jair Bolsonaro solicitando aos brasileiros que apaguem ao menos um ponto de luz em suas casas, como forma de contenção do consumo de energia elétrica que levará a um apagão em escala nacional, imediatamente lembrei-me do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que, em uma recomendação direcionada às mulheres, sugeriu a redução do uso de secador de cabelo como meio de evitar uma crise energética no país. E emendou, afirmando que ele, em especial, preferia mulheres que penteavam o cabelo com os dedos, deixando-os secar naturalmente.
Para além da misoginia presente na fala de Maduro e a precariedade do pensamento de Bolsonaro, os dois mandatários têm pontos em comum: a falta de capacidade intelectual para gerir políticas ambientais mais longas, eficazes e a ausência completa de empatia tanto com a população mais pobre, que é a mais afetada pelas consequências das ações estapafúrdias respaldadas pelos rompantes de achismo presidenciais, quanto o desrespeito com os cerca de 7,8 bilhões de residentes do planeta Terra. É como se as consequências de suas ações ficassem contidas em seus cercadinhos. Ouso afirmar que Bolsonaro é ainda mais nefasto: a inação com as questões que afetam os recursos naturais brasileiros foi deixada à mercê de deputados e senadores. Na ausência de uma política de proteção ambiental, cada um deles trabalha em causa própria e a interesses privados, atendendo a grupos de empreendedores do setor imobiliário ou da bancada ruralista. Legislam para o momento atual e para o lucro de poucos. Desfigurar o Código Florestal não significa nada para deputados que veem, na manutenção das florestas e no direito constitucional das terras pertencentes aos povos originários – aqueles que preservam as florestas e o ambiente –, perigo ao desenvolvimento. Preservar os ecossistemas para que as gerações futuras possam usufruir? Besteira de “socialista e comunista”.
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