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Entenda o motivo da tensão na fronteira da Rússia com a Ucrânia

A tensão entre a Rússia e a Ucrânia, que se estende desde 2014, quando os russos tomaram a Crimeia, vem ganhando força  com a repentina concentração militar russa nas proximidades da fronteira com o país vizinho.

Segundo os EUA, o número de tropas russas na fronteira com a Ucrânia está em seu nível mais alto desde 2014. Na terça-feira (13), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressou sua preocupação  e pediu para que o russo Vladimir Putin reduzisse as tensões na região.

“O que a Rússia quer, de fato, é retomar a Ucrânia para o país voltar a ser a ‘grande Rússia’ — ideia imperialista que vem desde o século 19. Eles acreditam que o Ocidente é decadente e que os grandes ideais da humanidade se concentram no Oriente”, afirma o sociólogo e cientista político da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Gustavo Lacerda.

Para Lacerda, se o conflito aumentar ainda mais, a Rússia poderia tomar Donbass, da mesma forma como ocorreu com a Crimeia. Outro possível desdobramento seria a Rússia ser barrada pelo guarda-chuva nuclear da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), da qual fazem parte os Estados Unidos e outros 29 países, muitos deles membros da União Europeia.

“O interesse da Rússia na Ucrânia se deve a uma série de elementos. O país domina o Mar Negro, região estratégica do ponto de vista político-geográfico, tem a base naval de Sebastopol, a única capaz de acolher e dar logística à completa frota de navios da Rússia no Mar Negro.”

EUA x Rússia

Em diversos momentos da história, um conflito localizado resulta em consequência e envolvimento de nações pelo mundo — como foi o caso da Primeira Guerra Mundial, que começou com uma disputa pelos Bálcãs, região da Europa, e evoluiu para uma guerra devido ao sistema de alianças entre os envolvidos.

Para o professor da UFPR, no caso específico de um conflito entre a Rússia e os Estados Unidos, o risco de uma guerra entre as duas potencias é baixo. Por outro lado, Lacerda acredita que há uma ameaça concreta de o conflito entre a população de Kiev e os russos étnicos separatistas escalar para uma guerra civil na Ucrânia.

“Acredito que o conflito poderia evoluir para algo semelhante ao que aconteceu na Alemanha durante a Guerra Fria, quando o país foi dividido entre as potências aliadas e a União Soviética. Enquanto a Alemanha Oriental estava sob influência socialista soviética, a parte ocidental vivia sob a órbita capitalista e americana”, diz.

Contexto histórico

Para compreender a tensão entre russos e ucranianos, é preciso recapitular a história recente e entender as motivações da Rússia ao invadir a Crimeia, península situada ao sul da região ucraniana de Kherson e a oeste da região russa de Kuban, que havia sido concedida à Ucrânia em 1954.

As divergências entre a Rússia e a União Europeia (UE) — aliada dos Estados Unidos e do Ocidente, de forma geral — se estendem desde, pelo menos, o final da Guerra Fria, em 1991, quando a União Soviética, que englobava tanto a Rússia quanto a Ucrânia, se desintegrou.

Em 2013, o então presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, manifestou interesse em assinar um acordo de livre comércio com a UE, mas, pressionado por Putin, que tem grande interesse em continuar exercendo poder sobre a Ucrânia, nada foi assinado.

Naquela altura, a Ucrânia, já dividida entre a população de Kiev, a capital do país, que almejava não mais estar sob influência da Rússia, e os russos étnicos separatistas de Donbass, região no extremo leste do país que faz fronteira com a Rússia.

Teve início uma onda de protestos que levou à queda de Yushchenko, e aproveitando o vácuo de poder, em 2014, Putin tomou a Crimeia.

Fonte: R7

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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