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É hora de bajular e cobrar de Lula

Segundo o manual das bruxas, o dia mais azarado do planeta seria uma conjunção estelar numa sexta-feira, dia 13, em pleno mês de agosto. A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Goiânia vai acontecer nos limites da urucubaca. O dirigente mais popular da história – “o cara”– aterrissa no improvisado Aeroporto Internacional Santa Genoveva, na quinta-feira, dia 13, oitavo mês do calendário gregoriano. A recepção leva ares de uma festa de arrombar quarteirões. Talvez vítima da baixa umidade do ar, que nessa época agrava minha idiotia crônica, gostaria de entender a razão de tanta euforia. Tirando o fato de que o líder é uma espécie de Rei Midas do voto popular, imbatível messias no teatro que embriaga as massas, a análise consciente deixa margem estreita para euforia.

Dados estatísticos, de fácil comprovação, demonstram que Lula está longe de ser generoso com o contribuinte goiano. O fenômeno de crescimento ostentoso pelas obras do PAC ainda está no campo das promessas sem miolo. Os investimentos tão alardeados parecem visões de disco voador. Ou seja: muito alarido sem comprovações práticas. Mas vá lá. Faz parte do jogo de quem pretende emplacar o sucessor. O que me deixa abespinhado é a constatação de que o governo federal, sob a batuta de Lula, não repassa aos cofres goianos verbas necessárias – dotações orçamentárias ajuizadas na discriminação regular – em segmentos de crucial interesse da população.

Na área de segurança pública, por exemplo, os deuses palacianos estão longe de cumprir metas e obrigações concorrentes. Resultado: sem investimentos adequados estamos sempre em desvantagem com o banditismo. Numa impostura que irrita, o manda-chuva finge que os problemas do Entorno de Brasília é uma encrenca nossa. De propósito, teima em não enxergar que soluções definitivas passam por decisões do Planalto. No segmento de saúde pública, não me consta que as dotações estão sendo realizadas no estrito cumprimento da lei e das necessidades do contribuinte. Pelo contrário, Estados federativos que arrecadam menos têm sido mais favorecidos. Que alguém bem informado me esclareça se Lula fez algum bonito para garantir nossa vocação agrícola. Existem projetos contribuindo para garantir estradas em condições de escoamento da safra? Na realidade, sequer as estradas federais recebem manutenção qualificada. Com raras exceções, o agropecuarista em terras do piqui permanece no ofício de teimoso. Os incentivos – pesquisas, apoio técnico, capital de giro e etc. – não derretem ao sol de promessas estilo meia-sola.

O alardeado projeto do primeiro emprego, que saindo do papel poderia beneficiar milhares de jovens goianos, sequer gerou uma dúzia de contratações. Quais foram os investimentos de excelência que o governo federal realizou em Goiás na era Lula? De memória, no duro, não me recordo de nada digno da fanfarra que se realiza em torno de seu nome. Nem a proximidade de Brasília teve significado em termos de vantagem aos goianos.

Evidente que Alcides Rodrigues e Iris Rezende, e chaleiristas de todos os matizes, devem receber o presidente com todas as honras que a liturgia do cargo demanda. Mas o momento é de cobrar. Temos pouco a agradecer. Ou será que nos basta a honra de acolher sua majestade?

Que se realize os acordos e maquinações eleitorais de agrado umbilicais. Mas que venha logo o aeroporto internacional. As obras prometidas em função da Copa do Mundo. Que o privilégio de sua presença não seja restrito apenas a pactos que possam dar resultado na boca da urna.

Sou a favor de bajular o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas deixando claro que, hoje, não somos índios que se curvam a quem promete botar fogo na água dos rios ou nos contentamos com espelhos e bugigangas.

Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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