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Chuvas: áreas sujeitas a alagamento triplicam em Goiânia desde 2018

Os pontos de alagamentos em Goiânia triplicaram desde 2018. Naquele ano, eram 57 locais e, atualmente, são 176 lugares suscetíveis a alagamentos, a exemplo de ruas no Jardim Presidente, setor Faiçaville e Jardim Europa. A principal causa dessas inundações é a falta de áreas naturais para poder infiltrar a água da chuva, que escorre pelas ruas em grande quantidade e muita velocidade.

“A cidade está cada vez mais crescendo e há mais construções e pavimentações. O grande problema do alagamento é a falta de capacidade do solo de receber essa água que cai da chuva, que estão cada vez mais fortes. Isso ocorre devido ao aquecimento global. Então, ele [aquecimento global] gera secas maiores e chuvas mais torrenciais”, explica a arquiteta e urbanista do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO), Adriana Mikulaschek, em entrevista ao O Hoje.

Em paralelo, há a impermeabilização do solo. Apesar de ter leis pelo Plano Diretor que determinam a criação de áreas verdes, não é isso que acontece, avalia a arquiteta. Segundo ela, o índice de área permeável exigido pela prefeitura ainda é bastante pequeno. “Seria necessário ter pelo menos 15% de área permeável dentro de cada lote”, revela.

Para que este cenário mude, o nível de permeabilidade do solo deve aumentar. “Fazer com que essa chuva se infiltre no local em que ela cai. Isso é complicado, mas o uso de infraestruturas verdes é um instrumento bastante eficaz para que isso aconteça. São infraestruturas aliadas à natureza. Então eu posso ter represas de contenção, lagoas de contenção, jardins de chuva em que, ao invés da chuva ir para a valeta e depois boca de lobo, já se infiltra no local”.

Além disso, ela sita a criação de mais áreas verdes, que podem ser transformadas em parques públicos de convívio da população. “São vários instrumentos eficazes e mais baratos. Há outros benefícios como a filtragem de água antes que ela seja levada ao lençol freático, o que gera maior qualidade”, diz.

Já a população também pode contribuir para evitar estes alagamentos. “A responsabilidade da população é entender esse processo e infiltrar essa água no próprio terreno. A conscientização de que cada metro quadrado impermeabilizado é uma área que não vai infiltrar a água. Começa pela educação para que as pessoas entendam e também é a ação”, explica.

Segundo Adriana, não é preciso pegar toda a água que cai no telhado e jogar na sarjeta. “Essa rua não consegue absorver tudo isso e gera alagamentos pela quantidade e velocidade. Essa água ainda vai chegar contaminada e vai destruindo tudo que encontra”.

Zona de risco

Goiânia está na zona amarela de risco com perigo potencial de chuvas intensas, de acordo com o site do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Assim, as precipitações podem chegar até 50 milímetros (mm) de água ao longo do dia, com ventos intensos de 40-60 km/h.

O cenário pode ser ainda mais caótico na região Norte de Goiás, que está na zona laranja, representando perigo. Nesse patamar, as precipitações podem chegar até 100 mm de água no dia, com ventos de até 100 km/h. Os riscos de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas são altos.

População em alerta

A Defesa Civil informa que, em casos de árvores próximas de residências que ofereçam riscos, os moradores precisam pedir ajuda ao órgão ambiental para a poda ou corte das plantas. Também oferecem risco à população infiltrações, rachaduras nas paredes e chãos, e o não plantio de bananeiras ou plantas de raízes curtas em morros. Além disso, quem mora em área de baixada, ao primeiro sinal do aumento do nível de água, deve se abrigar em locais altos e secos.

A pasta ressalta que medicamentos devem ser mantidos em locais seguros e documentações em mochilas impermeáveis, caso seja necessário abandonar a residência. “Águas de enchente estão sempre contaminadas e podem oferecer risco à saúde, como leptospirose ou doenças de pele, por isso é melhor evitar o contato”, diz o comunicado.

Seinfra criou relatório para combater alagamentos

A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) divulgou um relatório de combate aos alagamentos na Capital. Foi elaborado um documento dos pontos críticos de alagamentos em Goiânia. Os locais receberam intervenção de limpeza e manutenção preventiva, inclusive com o auxílio de caminhão de jateamento hídrico, para a desobstrução do sistema de escoamento de água em locais com maiores entraves.

De acordo com Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), os trabalhos de limpeza e manutenção preventiva são realizados todos os dias, durante todo o ano, em todas as regiões de Goiânia. O objetivo é manter a cidade livre de alagamentos. Desse modo, a população também deve contribuir, descartando o lixo de forma correta e evitar jogar nas ruas.

Plano de Drenagem

Para 2022, o secretário municipal de Infraestrutura, Fausto Sarmento, anuncia mais uma medida importante nessa área. “Estamos contratando, em conjunto com a Agência de Regulação de Goiânia, o Plano Diretor de Drenagem de Goiânia, que é o primeiro ponto a ser feito para iniciar um planejamento sério porque esse tipo de plano vai dividir todo o município em microbacias e vamos trabalhar bacia por bacia, eliminando os alagamentos e inundações de forma planejada”, finaliza Sarmento.

A Prefeitura de Goiânia está trabalhando diariamente para diminuir alagamentos e inundações na cidade. Cerca de 500 servidores estão nas ruas da Capital realizando esse tipo de serviço, como as obras de drenagem no Parque Oeste Industrial, Condomínio das Esmeraldas, Parque das Flores, Maria Rosa, Serra Azul, Gentil Meireles, Parque Industrial João Braz, Setor Jaó, Urias Magalhães e Residencial São Marcos.

No início deste ano, a Avenida Gabriel Henrique de Araújo, no Setor Goiânia Viva, foi contemplada com um bueiro tubular, que teve ampliada a sua capacidade de vazão com a instalação de dois conjuntos triplos de tubos de 1,5m de diâmetro e a construção de um tanque de contenção para diminuir o volume de água absorvido pela tubulação.

Além disso, foram feitos diques de proteção contra a cheia nos setores Gentil Meireles, Serra Azul, Vila Roriz, Crimeia Leste, Vila São José, Urias Magalhães, Jardim Mariliza, Setor Oeste, enrocamento de pedra na Marginal Botafogo e obras de contenção de erosão e galerias de água pluvial nos bairros Goiânia Viva, Jardim Petrópolis, Pedro Ludovico, Sol Nascente, Faiçalville e Residencial São Marcos, por exemplo.

O HOJE

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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