Artigos

Chicote no povão

Os sucessivos governantes brasileiros – todos eles – se deliciam em pacotes de maldades que fazem senso apenas aos deuses que controlam o país. No segmento de transportes, por exemplo, impera a má fé e a perversidade em ritmo alucinante. Senão vejamos: ao mesmo tempo em que o governo aprova e auxilia a implantação do maior número de montadoras de veículos do mundo e facilita a aquisição de automóveis, de outro castiga quem adquire um turbinado.

O preço da gasolina é um assombro, sem parâmetro em qualquer lugar dito civilizado. Os impostos atingem o limite da extorsão e não existe planejamento capaz de atender à demanda urbana por vias de escoamento de trânsito. Cria-se, de propósito, uma cultura à quatro rodas, para depois condenar os que pagam caro para aderir ao sistema.

Fico indignado. Dá nojo ler a baboseira dos hipócritas quando vejo colegas jornalistas criticarem quem possui um carango. Os dissimulados, que jogam para a platéia e possuem seu possante, afirmam que temos o dever de proteger o planeta utilizando transporte coletivo ou bicicletas. Seria ótimo, claro. Mas é um sonho que esbarra na realidade.

Com um milhão de veículos, o transporte de massa em Goiânia é o carro. Antes de reprovar quem o utiliza, é bom cobrar a fatura dos que estimularam essa aquisição. Qualquer desculpa – seja em nome da ecologia, de se abolir o egoísmo ou qualquer outro tópico para justificar a ausência de ruas largas, viadutos, trincheiras, semáforos inteligentes e estruturas – é falsa porque avaliza a inoperância dos que deviam cuidar das soluções.

Que tédio constatar que não se faz nada em nenhuma das equações capazes de desatar o nó que engasga para ir de casa para o trabalho ou realizar ações cotidianas. Não se organiza um transporte público com o mínimo de conforto e ou se ajusta condições para o uso individual de automotores. Sem uma rede de metrôs, sem ônibus suficientes e sem um conjunto coordenado de ações, a culpa é do povão. Chicote neles. Quem mandou nascer no Brasil?

O que urge é cobrar investimentos. É preciso alocar verbas substanciais para atender um milhão de motoristas. Exigimos respeito. Foram os modernos senhores da imensa senzala chamada Brasil que nos empurraram a comprar máquinas que aceleram. Criaram o problema e agora somos nós os culpados? Pagamos os tubos para ter condições rápidas e saudáveis de circulação. Mas o que fazem os perversos? Alimentam indústrias da multa, criam obstáculos para estacionar em vias públicas, deixam o asfalto virar sorvete e nos açoitam com todo o estilo de iniquidades.

A última bandalheira no DNIT – que até os bem-te-vis sabiam da existência – demonstra que não falta dinheiro. Grana sobra pelos ladrões e cai no ralo grosso da corrupção política. Os envolvidos só caem vítimas da denúncia de um corajoso veículo de comunicação. Boa parte da imprensa prefere chafurdar na lama que enriquece. No mínimo – mesmo que continuem a saquear os cofres públicos – podiam realizar obras capazes permitir a locomoção das famílias.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

Twitter: @rosenwalf

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

Deixe seu Comentário

Clique aqui para comentar

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.