Chico Buarque de Holanda representa um dos mais preciosos e indiscutíveis talentos da literatura e da boa música popular brasileira. Para quem entende do assunto, as letras do seu acervo musical, assim como os arranjos primorosos, o qualificam como um compositor com direito permanente ao altar da glória. Nesse aspecto, só os analistas de má fé não reconhecem a supremacia de suas criações. Considerando os quesitos mencionados, sou fã dele.
Quanto às suas posições políticas, que a meu ver merecem análises distintas, faço restrições que não invalidam suas reconhecidas qualidades. Como muitos brasileiros, Chico lutou contra o pior do regime militar, sofreu retaliações e tornou-se um ícone de resistência contra os atos ditatoriais. Foi admirável na forma, no conteúdo e na eficácia de seus protestos.
O que eu acho um “pé no saco” é não ter o direito de discordar de Chico Buarque quando ele apoia ditadores de esquerda, como os sanguinários irmãos Castro na Ilha de Cuba e outros que “rezam” a mesma cartilha. Como homem político, que dá palpites e oferece legítimo apoio fora de sua área de atuação, ele está sujeito a receber vaias e aplausos. Recentemente a esquerda raivosa, essa que se lambuza de caviar com champanhe importado e geralmente com dinheiro do contribuinte, fez um carnaval dos diabos porque alguém se agastou com Chico Buarque na porta de um restaurante de luxo. Ao discordar do apoio dele ao PT, que hoje está no poder e representa a elite administrativa do país, o cidadão foi criticado ao extremo e chamado de playboy.
Fizeram até um vídeo taxativo: “vai trabalhar Não entro no mérito se o rapaz é mesmo um playboy que não trabalha. A reflexão é outra. Muitos acreditam que não se pode “encher o saco” de Chico Buarque. Mas se ele “encher o meu saco”, eu tenho que tolerar? Aos desonestos intelectuais quero deixar bem claro: entendo ser absolutamente normal que o famoso Chico Buarque defenda o PT, o PCdoB, ou o que lhe der na telha. Mas há de se tolerar, em nome do legítimo exercício democrático, quem É possível censurar que isso tenha sido realizado em um ambiente aberto, em momento de intimidade particular. Mas trata-se do ônus de figuras públicas. É assim que funciona.
O preço da fama leva às situações ora constrangedoras, ora de adulação explícita. Ou será que alguém foi criticado porque se excedeu pedindo autógrafo e abraços efusivos? Isso pode. Ninguém, sequer uma unanimidade com a excelência criativa de Chico Buarque, está acima do bem e do mal. Somente os tiranos exigem apenas elogios. Não acredito que o próprio Chico queira isso.
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