É claro que a badalada atriz da Globo, affair purpurina do milionário jogador Neymar, não me contou segredo algum. Se a intimidade existisse o sigilo estaria seriamente comprometido. Sou de carne e osso. Imagine um jornalista guardar uma confidência envolvendo a personalidade mor dos noticiários nacionais e internacionais? Seria uma tentação para mais de metro e meio. Resistiria? Graças a abissal distância que me separa dela jamais saberei.
O que importa, inclusive para meu umbilical propósito, é que a dupla atrai holofotes a granel. Tive uma razoável dificuldade em descobrir o que Angela Merkel, uma das mulheres mais poderosas do planeta, chanceler da Alemanha, anda fazendo em 2018. Mas foi fácil saber que Bruna comprou um par de meias para o namorado e que, no trajeto, saboreou metade de um sorvete de limão e limpou os lábios com um guardanapo verde.
Não duvido que alguém mais antenado do que nunca possa corrigir jurando que o congelado era de morango e que a pequena toalha a roçar as bordas carnosas de sua boca era de branco imaculado.
O que me deixa abestado, e aceito os que vão dizer que esse é meu estado natural, é o espaço que a imprensa dedica ao divulgar detalhes de uma relação trivial. Se Neymar solta um arroto, logo surgem analistas capazes de afirmar que os gases foram emitidos em função de emoções contidas por amor à sua musa.
Nada escapa! Os que defendem esse estilo de jornalismo, e eles não estão errados, vão dizer que o frenesi em torno de figuras badaladas está no DNA da plebe e dos fãs que se embriagam nos detalhes. Mas será que os protagonistas afundam apenas em noitadas frívolas, selinhos hollywoodianos e compras em boutiques de grifes famosas?
Não são dignos de entrevistas inteligentes, carecem de posições e análises que afetam o mundo? Uma atriz global formosa se presta apenas ao papel de um abajur de corpo escultural? Neymar será um eterno novo-rico deslumbrado com o jet set dos clubes noturnos. Eles são o colírio e o exemplo de quem chegou ao topo do mundo tendo a esbórnia como meta e os holofotes do supérfluo como mãe das diretrizes humanas?
As mazelas do mundo não lhes incomodam? Nenhum agente ou conselheiro se incomoda em mostrar ao par que o excesso de superficialidade pode ser danoso em médio prazo? Ao que tudo indica não! São ídolos, adubados e regados ao melhor champagne, de uma geração que enxerga no ter a enganosa solução. Análise de um invejoso? Deve ser.
É muito bom ler artigos do Rosenwal Ferreira. Entre outras coisas, engrandece nosso vocabulário. Celio do Cartório.