Ideologicamente, e por razões que minha origem rural, formação profissional e análise particular explicam, sempre fui avesso aos teóricos de esquerda, nutrindo uma aversão explícita ao lulopetismo. Faço uma respeitosa referência, e entendo que são opções totalmente diferentes, aos autênticos do saudoso PT. São poucos os que permaneceram no partido. Alguns saíram enojados, outros foram expulsos.
O prefeito Paulo Garcia é um ético que permaneceu firme na defesa dos bons princípios que nortearam a criação do Partido dos Trabalhadores. O que engoliu de sapo é uma história ainda a ser contada. Em mais de 40 anos de jornalismo, jamais acompanhei um membro do Executivo que fosse tão boicotado.
Sua trajetória ardeu com as sete pragas da política como se fosse um castigo bíblico. Herdou calado uma gama de parasitas enfiados goela abaixo, alguns improdutivos ainda resistem mamando nas tetas do contribuinte, enfrentou queda na receita com aumento na demanda de serviços, o PT entrou em parafuso justamente em sua gestão e são inúmeras as facetas de má sorte que afetaram seu cotidiano.
Foi criticado, merecidamente em alguns casos, mas imperou uma babel de injustiças que caíram no colo do Paço Municipal. Ele colheu calado o que muitos plantaram e plantou em silêncio com dificuldade para colher.
Em meio a turbulências na economia, conseguiu viabilizar 37 unidades educacionais (sendo 28 Cmeis e 9 escolas de ensino fundamental), construiu o Complexo Viário Mauro Borges, requalificou o Parque Mutirama e zoológico, fez obras de acesso ao novo aeroporto, nova pista de caminhada no Jardim Botânico, reformou e ampliou 20 unidades de saúde, entregou mais de oito mil unidades do programa Minha Casa Minha Vida. As obras do BRT estão adiantadas, foram quase 100 praças disponibilizadas à população, entregou 65 veículos para serviço de monitoramento diário, isso lembrando apenas de cabeça.
Na ponta do lápis, foi surrado mais pela conjuntura nacional e problemas pontuais, que geraram muito desgaste, do que por uma análise honesta e objetiva de suas ações produtivas. Bombardeado de todos os lados, até por ex-aliados, levou o injusto estigma de inoperante.
Acertou na escolha de um bom assessor de imprensa, o experiente jornalista Luís Carlos, que uniu profissionalismo e experiência para romper preconceitos e mostrar uma dimensão justa do que foi realizado.
Errou na área de comunicação, que insistiu em estratégias que não fizeram jus ao esforço do prefeito. Uma equipe com foco na ideologia do PT perdeu objetividade, deixando de propagar dados importantes. Não houve uma preocupação específica na defesa de Paulo Garcia. Com os recursos disponíveis, foram exploradas ações com teor eleitoral, mesmo em momentos em que a mídia “fulanizava” o prefeito. Os estrategistas infelizmente não perceberam que era necessária uma defesa umbilical de Paulo Garcia.
Note-se que, no auge das críticas, Paulo fazia compras no supermercado, nunca foi incomodado, sendo recebido com sorrisos e abraços. Como é que fica? Era de se mostrar que o prefeito era respeitado e querido. Nunca se aproveitou o caráter ético e a empatia pessoal do prefeito como estratégia premeditada. Vão dizer que não se pode fazer propaganda pessoal. Claro que não. Essa limitação foi habilidosamente contornada em várias capitais. Por que não aqui?
Inexorável, nos erros e acertos, a história lhe fará justiça. O item mais importante é que Paulo Garcia, em meio a uma babel de corrupção que enoja o País, em momento algum foi acusado de tirar proveito pessoal do cargo. É de se respeitar.
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