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Bandido bom é bandido preso?

     Misto de policial, jornalista, deputado estadual, show man televisivo e radialista, Luiz Carlos Alborghetti foi autor de frases populares que até hoje fazem sucesso e suscitam polêmicas com furor apaixonado. Notório em sua indignação com as quadrilhas, afirmava sem rodeios que  “bandido bom era bandido morto”, que “não tem que construir mais cadeias. Tem que construir cemitérios”. Ao críticos ligados aos direitos humanos, respondia com o seguinte bordão: “Tá com pena? Leva para tua casa! Coloca para dormir na tua cama!”.

     É claro que suas teorias, embora tenham respaldo na população, não podem ser defendidas sem as necessárias ressalvas. Não cabe ao Estado se equiparar ao banditismo estabelecendo a barbárie com uma espécie de “pena de morte oficiosa”. Evidente, no caso de um confronto entre as forças da lei e os marginais, que o banditismo leve a pior.

No âmbito do politicamente correto, na defesa da ética social, faz sentido defender a teoria de que “bandido bom é bandido preso” mas, como diria Carlos Drummond de Andrade, “no meio do caminho tinha uma pedra, nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas”.

     No caso da lambança tupiniquim, prisão nada significa para conter a marginalidade. Pelo contrário. Atrás das grades, os chefões continuam controlando sua rede de crimes, ordenando assassinatos, orientando corrupção, ditando regras no submundo do narcotráfico, ameaçando juízes e, pior ainda, são protegidos pelos muros que teoricamente deveriam conter suas ações.

     Dizer que as penitenciárias brasileiras existem como universidade do crime é até amenizar o horror que se vivencia. Nas fétidas condições que lembram masmorras medievais, colocamos gente amontoada numa verdadeira latrina. O que se pode esperar de bom, de positivo, com tamanho descaso a princípios básicos de tratamento humano? Chamar o sentenciado brasileiro de reeducando é de um cinismo ímpar.

     O que se perpetua é o processo que torna pessoas em bestas-feras. As condições desumanas se voltam contra a população. Almas que cometeram um erro a ser reparado atrás das grades ficam reféns de um purgatório que vai muito além da punição razoável. As palavras de um detento que entrevistei: “Líderes que agem de forma demoníaca, e matam, para literalmente beber o sangue, são capazes de obrigar um pai de família a entregar a filha como objeto sexual e fazer da mãe uma assassina”. Exagero? Nada disso. Existem histórias piores.

     Na ilusão de que podemos resolver o problema fingindo que não existe, nos atolamos no lodo que corrói a qualidade de vida. Os deuses encastelados no poder, com sua ampla possibilidade de proteção individual, ainda se consideram a salvo. Ledo engano. O esquema que parece perfeito a uma casta será engolido pelas quadrilhas que fecham o cerco. Já é tarde. Mesmo assim, ninguém se lixa. Tudo parece chiadeira da arraia miúda. É de se perguntar: a qual planeta pertencem os cretinos que não enxergam a gravidade da questão? Falta dinheiro? Balela. Bilhões sugados no ralo da corrupção provam que falta vergonha na cara. Só isso.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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