Inaugurada pelo deputado federal Jean Wyllys, que cuspiu no colega Jair Bolsonaro em plena sessão do Congresso Nacional, a “Sessão Escarro” ganhou contornos de uma ampla discussão nacional depois que o ator José de Abreu utilizou o artifício para reagir, segundo sua versão, a um casal que o hostilizou num restaurante de luxo. Evidente que ninguém de bom senso preconiza agressões verbais a qualquer cidadão, por mais que se discorde de suas ideias.
Quem se dedicar a essa reprovável atitude pode ser legalmente responsabilizado. Alguns aspectos causam maior azedume no que tange o ator José de Abreu. Primeiro que ele se considera a última caixa de bombons do planeta. Quando ele participou do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), na Cidade de Goiás, angariou antipatias desnecessárias. Mostrou desprezo pelos debatedores, reclamou de tudo, conversou alto e tentou chamar a atenção com estrelismo sem nenhum sentido. Enfim, mostrou ser um porre global.
Até aí, no que me consta como goiano nada excepcional. Burrice foi convidá-lo para não somar coisa alguma. Na próxima pode deixar os bigodes apenas para o deleite das novelas Voltando ao seu esporte de salivas ao vento, foi revoltante perceber que ele foi de uma covardia ímpar.
Em que sentido? Cuspir em uma mulher, por mais que ela esteja errada, é sim uma covardia. Além disso, numa prova de cretinice machista, declarou no programa do Faustão, para uma claque que aplaudiu, que “mulher que xinga outra mulher de vagabunda não poder ser considerada como mulher.” Pode sim, meu caro José de Abreu! Esse é apenas o argumento dos cafajestes que batem, ameaçam e enxovalham as mulheres.
Se mulher fez isso, merece ser castigada e deixa de ser mulher. Quanta hipocrisia e cretinice! Pior ainda foi aceitar a traiçoeira deslealdade de ver apenas o lado do ator na pseudo-entrevista na Vênus Platinada. Se o objetivo era tratar de um assunto que incendiou o País, por que não se convidou também, e principalmente, as partes envolvidas no quiproquó? O que se viu ali foi um linchamento moral, sem o direito de resposta ou de explicação que envolve o outro lado da moeda.
A Globo convidou? Não aceitaram? Ao que me consta foi uma ação entre amigos para defender José de Abreu no estilo “Cosa mostra”. Isso não é jornalismo! É E tem mais: se o poderoso José de Abreu é tão macho para cuspir em uma mocinha, por que não se ergue faceiro com os bagos e vai escarrar na família Marinho? Não são eles os acusados pela turma de Abreu de patrocinarem um golpe no País? Queria ver sua valentia afirmando verdades para o patrão ouvir. Arrotar importância como arraia miúda, que não tem costas quentes com a Globo – até eu topo!
Assim como a maioria de seus colegas raivosos, José de Abreu se borra de medo quando envolve poderosos de plantão. Pois é, meu caro ator famoso e poderoso, você afirmou nas redes sociais que o advogado foi covarde ao não reagir à altura de seu pobre arsenal desaliva, e você? Que tipo de homem é, quando se mostra dócil e submisso na emissora golpista? Ficou com medo, não ficou? Ele se borra e não tem coragem nenhuma de enfrentar quem acusa pelas costas e à boca miúda. Moral seletiva, e valentia com os pequenos, é típica dos covardes, sejam eles globais ou não.
Rosenwal Ferreira
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