Ela chega devagarzinho, como quem não quer nada. Muitas vezes é confundida com tristeza. Um vazio imenso e uma vontade de chorar, sem um motivo aparente. Assim é a depressão, um mal silencioso, que deixa o individuo muito das vezes incapacitado para as atividades normais do dia a dia, como estudar, sair de casa ou até mesmo conversar.
Situações frequentes de angústia, inquietação, assédio moral e competitividade estão hoje entre os principais fatores para o desenvolvimento da depressão no ambiente de trabalho. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2020, a depressão será a maior causa de afastamento do trabalho, no mundo. Só entre os anos de 2005 a 2015, sua incidência cresceu 18,4%, atingindo 322 milhões de pessoas. A descoberta da doença antes que ela se agrave diminuem significativamente os altos números. Pensando nisso, o Programa de Saúde Mental na Construção Civil do Seconci-Goiás (Serviço Social da Industrial da Construção), dedica-se com o objetivo de dar suporte à saúde emocional dos trabalhadores da construção, além de alertar o empregado em relação à própria saúde.
De acordo com Heloísa da Silva Pinto, psicóloga e coordenadora do programa, as empresas do setor da construção civil já estão atentas ao problema da depressão, cujos sintomas estão entre as principais causas para o afastamento do trabalho em corporações de diversos setores. “Geralmente, o que é uma ansiedade não resolvida tende a se tornar uma depressão no futuro”, explica.
O projeto surgiu com a percepção, por parte da equipe do Seconci, da frequência dos quadros de ansiedade, transtornos de estresse pós-traumático e depressão na categoria. Um levantamento feito com base nas avaliações comportamentais realizadas pela instituição em 2015 constatou que 2% dos trabalhadores das obras receberam contraindicação de trabalhar em altura no momento da admissão.
“O número parece pequeno, mas é significativo e preocupante, principalmente porque a frequência das causas, esta ligada também a descompensações emocionais”, ressalta a psicóloga.
Dentro desse enfoque, a depressão vira uma questão social, deixando de se encaixar como um problema meramente corporativo, assumindo feições de verdadeira proliferação.
Perder o emprego, divórcio, fim de relacionamento amoroso são motivos para deixar alguém triste, cabisbaixo. Mas, isso não significa necessariamente que o sujeito está com
depressão. Heloísa reitera que em muitos casos a depressão é um acumulo de situações que podem contribuir para o desenvolvimento da doença.
“Circunstâncias que favorecem o estresse prolongado, como discussões frequentes no trabalho ou em casa também podem levar à depressão, pois faz com que a pessoa passe a duvidar de si mesma e de suas capacidades, diminuindo sua autoestima”, conclui.
O programa da Seconci inclui palestras e acompanhamento individual com psicólogo e psiquiatra, caso necessário. O projeto piloto está sendo realizado em uma obra em Goiânia onde foi preparado um espaço especialmente para as reuniões no qual um psicólogo acompanha os grupos, o que permite que cada colaborador possa expressar suas emoções, rompendo com o preconceito em torno da doença. Fonte: O Hoje
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