Ao contrário das nações civilizadas, países em que vidas humanas são valorizadas na essência que merece, o Brasil ainda patina deixando de punir exemplarmente os assassinos que bebem, dirigem e matam. Mais uma vez, num caso trágico, revoltante e assustador, um sujeito inconsequente bebeu todas, saiu no seu bólido a mil por hora e ceifou a vida de uma doce jovem que deixou órfã, num trauma que vai durar a existência inteira, uma filha de sete anos.
Estamos nos referindo ao condutor do veículo HB20, Hélio Ferreira da Silva Junior, cuja irresponsabilidade, depois de beber sete cervejas, o número sete deve ser apropriado porque dizem ter sido mais, muito mais, acelerou em plena zona urbana, ao que consta numa velocidade próxima de 120 quilômetros por hora, arrastando a motocicleta da moça cujo corpo se desfez em pedaços. Morreu sem a mínima chance. Tudo registrado por câmeras como se fosse um filme macabro.
Por enquanto, vive breve momento de cadeia, talvez o necessário para curtir a ressaca. O incauto cidadão está atrás das grades. Não será por muito tempo. É a lei! Qualquer advogado com um mínimo de experiência terá sucesso em deixá-lo livre, leve e solto.
Muito embora a tipificação legal não encare dessa forma, entendo que foi um assassinato a sangue frio. Ora, convenhamos, o motorista sabia dos riscos, estava em sua perfeita condição mental, não podia ignorar a possibilidade de causar graves danos a si e a outras pessoas e, mesmo assim, decidiu acelerar uma máquina mortífera, praticando roleta russa na zona urbana. Deveria, mas não é assim que entende o rito da lei, ser levado a júri popular acusado de homicídio. Já existem casos que mereceram essa análise.
Trata-se de um cidadão que tem índice acima da média na qualificação profissional. Hélio é administrador de empresas, soube acolher muito racionalmente a orientação de permanecer calado e só terá dificuldades extras porque a versão de seu advogado, Adair Oliveira de Sousa, não condiz com provas irrefutáveis de câmeras que filmaram os detalhes. É claro que o defensor está agindo corretamente – foi contratado para defender o cliente.
Pena que a família, assim como a criança em choque que clama a presença da mãe, não terá como contratar um defensor para receber alento. Ninguém pode repor uma vida humana. Resta a possibilidade de requerer danos e reparações que amenizam o sofrimento. Quem sabe com sentenças que façam a ressaca durar décadas, como excelente exemplo aos loucos no volante. Eles vão continuar matando nossos filhos, até que a lei seja realmente um osso duro de roer. Por enquanto parece caldo de mocotó, desses usados para curar um bom porre, nada além disso.
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