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Ascensão e queda de um marqueteiro

Pela natureza do trabalho abominável, sedimentado no engodo, na fraude premeditada e nas mentiras como estratégia básica, marqueteiros bons de voto se tornaram símbolo de banditismo. A eles o desprezo de quem atua seriamente no segmento. A ciência da comunicação, capaz de gerar lucros honestos, vender produtos qualificados e difundir imagens positivas sem enganação, não merece ser conspurcada por mercenários cujos fins justificam os meios.

        Hoje me parece claro que o badalado João Santana, e sua esposa Mônica Moura, pertencem ao time dos que vendem a consciência, e o profissionalismo, por um soldo milionário e que se danem os escrúpulos. Chega a dar pena imaginar o tamanho do tombo que lhes rompeu o destino, passando de conviva VIP da corte de Brasília a hóspedes em celas cheirando a mofo.

      No início, ainda crente que os donos do poder dariam um jeitinho no Supremo Tribunal Federal, Mônica ensaiou um sorriso de desdém, como se estivesse apenas participando de um frugal passeio indesejado, certo de que excelentes advogados abririam os cadeados enferrujados e o máximo que se perderia seriam alguns milhões de dólares que não iriam fazer diferença.

      Mais experiente, sabendo que o buraco era mais embaixo e profundo, João Santana franziu a testa, fixou-se nos cadarços dos sapatos e suspirou fundo. Com certeza pensou com seus botões: “que Deus nos ajude, pois a merda foi jogada no ventilador. Deu caca!” Hoje, quando só conseguem um ar fresco mudando de uma jaula para outra, já não demonstram empáfia nenhuma. Ele, mantendo a duras penas a elegância num terno bem cortado, é a imagem do pavor silencioso. Ela,  procurando um resquício de glamour numa jaqueta de couro de grife, já não possui sorrisos para distribuir.

     Os bons padrinhos de outrora, reis do pedaço que ouviam atentamente os conselhos do marqueteiro, quem diria, estão atolados com problemas que parecem insolúveis. Lula se engasga para evitar dias sofridos  no escuro do cárcere. Dilma está prestes a ser enxotada do poder numa reviravolta que jamais imaginou.

     O que tem a ver João Santana e Mônica com os destinos de Lula e Dilma? Tudo a ver! Eles foram os catalisadores de uma rede de mentiras desprezível. Com sua expertise, não só concordaram na concretização de uma brutal fraude política, como idealizaram a forma mais eficiente para enganar o povão.

    Em nenhum momento lhes doeu a consciência, mesmo sabendo que tudo era uma grotesca empulhação. Jamais lhes passou pela telha seguir o caminho reto e ganhar mostrando a realidade. Isso nunca! Poderia comprometer a estratégia de poder. E o Brasil? Como ficaria o País? Isso nunca lhes interessou. As condições de pistoleiros de aluguel não permitiram divagações no campo da ética.

   Como uma coisa puxa outra, e a justiça acaba sendo feita mesmo por linhas tortas, cederam à ganância, imaginaram acumular fortunas que outrora compravam Deus e todo o mundo, e estão pagando. Não tão caro quanto milhões de brasileiros que viram sonhos se transformarem em fumaça. Mas vai demorar até que possam curtir novamente as bajulações cinco estrelas e milhões acumulados. Alguns se sentem vingados, outros nem tanto. A lição que fica é essa: não precisava de um final trágico. Querendo é possível obter sucesso alinhando projetos que respeitam regras de boa conduta moral. Como não mentir, por exemplo.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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