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Artistas em crise

Nas últimas semanas, por uma dessas razões alimentadas por uma babel de ignorância multifacetada, o brasileiro passou a discutir o que pode ou não ser considerado como arte. Dois episódios foram emblemáticos para alimentar quizilas tão inúteis quanto improdutivas. O cancelamento de uma exposição patrocinada pelo Banco Santander e a nudez de um artista, que acabou com o envolvimento de crianças, no prestigiado Museu de Arte Moderna de São Paulo, conhecido como MAM. Como o assunto já rendeu ódios confessos, tanto entre defensores como acusadores, vou me abster a entrar no mérito de quem teve, ou não, razões para jogar lenha na fogueira.

O que me causa desconforto é a nítida ausência de criatividade que assola os artistas brasileiros. À procura dos holofotes, que faz tão bem à classe quanto respirar oxigênio, tem gente vendendo a alma a diabos falsificados. Pioramos, e muito, a capacidade de surpreender criando algo novo, excitante, poderoso e arrebatador, em um universo que se pode classificar como uma atividade humana ligada ás manifestações de ordem estética ou comunicativa.

O que se percebe, seja na música, arquitetura, pintura, teatro, cinema, dança, escrita e outras atividades, são as opções de chocar com obscenidades gratuitas, palavrões sem eco, banalizações da sexualidade, agressões a símbolos religiosos e inúmeras provocações que, mesmo sendo arte, no contexto em que ela pode, e deve, existir sem amarras, acaba sendo algo sem gosto, insonso, que, não somando, diminui a classe artística.

É evidente que intelectuais e pensadores lúcidos logo vão dizer, com razões de se respeitar, que o bom ou o mau gosto está nos olhos de quem enxerga. Será? Prefiro imaginar que existe um senso comum capaz de dar um norte razoável. Uma letra de música bem feita, no contexto de arranjos instrumentais de refinado equilíbrio, seja qual for o gênero, agrada. Ponto. Uma peça teatral bem encenada, com roteiro de bom começo, meio e fim, se presta a assistir até o término, reservando aplausos. Outro ponto.

E assim sendo, na ótica de um mundo que teimo em pensar que ainda existe, o raciocínio vale para todos os outros tópicos da criação humana. Em todo caso, e com o devido respeito, intelectuais da mais alta estirpe, defendem homem peladão – até cheguei a um olhar orgulhoso no espelho – como uma obra de arte. Pode ser. Deve ser né. Longe de eu ser classificado de retrógrado, preconceituoso ou coisa pior. Só não me obriguem a falar que é bonito.

Rosenwal Ferreira Jornalista, Publicitário e Terapeuta Transpessoal

 

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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