Entre grupos bolsonaristas, confusão e negação sucederam os momentos após a divulgação do áudio do presidente Jair Bolsonaro no fim da noite desta quarta-feira pedindo para que caminhoneiros não fechassem as rodovias — um indicativo de que, apontam especialistas, há uma descrença do próprio bolsonarismo radical sobre a ausência de ações mais concretas do líder. A mensagem do presidente circulou, mas teve rejeição entre apoiadores e lideranças do movimento, como o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão.
“Presidente, o povo precisa do senhor. Estivemos na rua em maio, no dia 1º de maio, 15 de maio, 1º de agosto. O senhor é nossa última salvação, porque estamos do lado do senhor. Vamos trancar todo o Brasil porque estamos do lado do senhor”, argumentou, em vídeo publicado minutos após o áudio de Bolsonaro, já na madrugada da quinta-feira, 9. Antes, Zé Trovão convocou os caminhoneiros para “fecharem tudo” a partir das 6h, na quinta-feira.
Ainda que, poucos minutos após a divulgação do áudio do presidente, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, tenha confirmado a veridicidade da mensagem, apoiadores ainda não acreditavam no recuo do presidente.
“Circula uma história que o presidente da República estaria pedindo para acabar a mobilização dos caminhoneiros. Eu afirmo a vocês que é mentira”, disse o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) a manifestantes em Brasília na madrugada desta quinta-feira. “Quem entra numa guerra, precisa ter várias armas. A paciência eu sei que já se esgotou. Mas presta atenção: o presidente da República é um estrategista. Ele sabe o que faz.”
A confusão em torno da mensagem foi motivo de piada para o humorista Marcelo Adnet. Em uma sátira publicada nesta madrugada, o artista postou um áudio em que pede para os caminhoneiros saírem da boleia dos caminhões e dançarem Macarena, o hit espanhol, até “aquele outro pedir para sair”, numa alusão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, principal alvo das críticas do presidente.
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