A Amazônia Legal bateu mais um recorde de área sob alerta de desmatamento em maio. Até o dia 28, a região tinha 1.180km² de área sob alerta de desflorestação, o maior número para o mês desde 2016. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
É o terceiro mês consecutivo em que os índices batem recordes históricos mensais. Também é a primeira vez que a área sob alerta de desmatamento em maio passa dos 1 mil km²:
Os alertas de desmatamento foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo.
A medição oficial do desmatamento, feita pelo sistema Prodes, costuma superar os alertas sinalizados pelo Deter. Os últimos dados divulgados pelo Prodes apontaram que a área desmatada na Amazônia Legal foi de 11.088 km² na temporada de 2019 a 2020 (período que engloba agosto de 2019 a julho de 2020).
Início da estação seca
Em nota, o Observatório do Clima, rede de 56 organizações da sociedade civil, afirma que os dados de maio são preocupantes, porque o mês marca o início da estação seca, “quando a devastação se intensifica” em grande parte da Amazônia.
“A permanecer a tendência nos próximos dois meses, a taxa oficial de desmatamento de 2021 (medida de agosto a julho) poderá terminar com uma inédita quarta alta consecutiva. O comportamento da curva dependerá exclusivamente de quem hoje dá as cartas na região: o crime ambiental”, disse a entidade.
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A medição do desmate no Brasil considera sempre a temporada de agosto de um ano a julho do ano seguinte por causa das variações do clima: com essa divisão do tempo, pesquisadores conseguem levar em conta o ciclo completo de chuva e seca na Amazônia, analisando como o desmatamento e as queimadas no bioma oscilaram dentro dos mesmos parâmetros climáticos.
O Observatório do Clima também criticou a gestão ambiental do governo Bolsonaro.
“O regime Bolsonaro se dedica há dois anos e meio a desmontar as políticas de controle de desmatamento, enterrando o único plano que conseguiu reduzir a destruição, o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia”, disse a rede.
A entidade também criticou as ações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles – que está sendo investigado sob acusação de, entre outros pontos, criar dificuldades para a fiscalização ambiental.
Segundo o Observatório do Clima, a fiscalização de crimes ambientais pelo Ibama foi “manietada; como mostraram neste ano documentos produzidos pelos próprios agentes. A gestão do antiministro Ricardo Salles virtualmente parou as operações do órgão”, diz a nota da rede.
Os que mais desmataram
O Pará foi, mais uma vez, o estado com maior área sob alerta de desmatamento em maio: 425km², equivalente a 36% do total registrado até o dia 28.
Na temporada passada, o estado concentrou quase metade de todo o desmatamento na Amazônia Legal, segundo o monitoramento do Prodes.
Em segundo lugar veio o Amazonas, com 289km² sob alerta, e depois Mato Grosso, com 242km². Rondônia teve 180km² sob alerta. Em seguida vieram Acre (31km²) e Maranhão (11km²). Tanto o Tocantins como Roraima tiveram 1km² sob área de alerta. O Amapá não teve áreas sob alerta de desmatamento.
Fonte G1
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