Goiás

Abastecimento de água e reservatórios de hidrelétricas em Goiás estão em níveis críticos

Devido ao longo período de estiagem, o nível dos reservatórios das hidrelétricas e das bacias que abastecem Goiás está em condições críticas. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a usina de Itumbiara, por exemplo, possui atualmente a situação mais grave e funciona com percentual de água menor que quando houve o apagão  2001.

Segundo a últimos dados da ONS, o volume útil atual de água da usina de Itumbiara é de 10,12%, sendo que durante o apagão, há 20 anos, a porcentagem era de 11%. A unidade conta com maior potencial de geração de energia hidrelétrica de Goiás, podendo produzir cerca de 2.083 MW.

Segundo o engenheiro eletricista Jovanilson de Freitas, que já atuou em Furnas, a diferença entre o cenário de 2001 para 2021, é que na época em que ocorreu o apagão, o sistema elétrico do país não era interligado. “Se tinha ilhas de geração. Tinha as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que era uma ilha, e a região Norte e Nordeste, que era outra. Cada região gerava energia para seus limites ali. Hoje o sistema é totalmente interligado, com exceção a Roraima”, explica.

Já a usina de São Simão, localizada na região sul do estado, opera atualmente com 16,26% do volume de água do reservatório, de acordo com o monitoramento diário da ONS. Com uma percentagem um pouco mais alta, a usina de Serra do Facão, que é administrada por Furnas e fica no município de Campo Alegre de Goiás,, funciona com 18,57% do volume de água.

Localizada entre os municípios de Cristalina (Goiás) e Paracatu (Minas Gerais), a usina hidrelétrica Batalha – administrada integralmente por Furnas – trabalha com 20,77% do volume de água. Responsável pelo abastecimento da região norte do estado, a hidrelétrica de Serra da Mesa, localizada em Minaçu, está com pouco mais de 26% do volume.

Segundo Jovanilson, apesar do baixo volume de água, a segurança energética do atual sistema é alta, o tornando confiável e diminuindo os riscos de apagão. No entanto, a dependência do país às hidrelétricas acaba se tornando um problema, devido a esse baixo volume dos reservatórios e da grave crise hídrica que afeta o país.

“Dependemos muito de um ciclo de chuva com certa intensidade, o que não ocorreu muito nos últimos três anos e os nossos reservatórios não conseguiram recuperar seu porte de quantidade de reserva de água para suprir essa geração”, esclarece. Segundo ele, esse é o caso de Itumbiara, que apesar de ter grande capacidade de geração energética, acaba produzindo uma quantidade menor que o esperado.

“Há o controle e medição dos níveis de chuva e vazão do rio. No entanto, sempre há uma expectativa de se recuperar no período chuvoso. No entanto, já faz alguns anos que usinas de grande porte não abrem o vertedor, para extravasar a água que vem acima das expectativas. Itumbiara mesmo, não abre o vertedor há pelo menos 15 ou 16 anos, então no período de chuva, não consegue mais recuperar o reservatório”, pontua e cita o crescimento do país, que promove maior demanda energética, como uma das razões dos baixos volumes nos reservatórios.

Como opção para diminuição do impacto ao consumidor, que acaba sendo prejudicado no fim do processo, Jovanilson recomenda a observação quanto ao consumo de energia dos aparelhos e sugere. “É preciso pensar em consumo inteligente da energia e evitar equipamentos que geram consumo alto e impactam no final do mês”, diz Jovanilson. O engenheiro ainda pontua a instalação de placas de energia solar como uma boa alternativa para a economia a longo prazo.

 

Abastecimento de água

Os altos níveis de estiagem também são uma preocupação ao abastecimento público de água no estado de Goiás. A bacia do Rio Meia Ponte, por exemplo, que realiza a captação para a distribuição de água na capital goiana, é a que mais preocupa atualmente. Isso, porque no momento a média de captação registrada no último domingo, 12, foi de 3.117 litros por segundo, que determina o Nível de Criticidade 3, quanto a vazão de escoamento.

Para se ter uma noção, segundo a secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, dos níveis de segurança implantados para a aplicação de medidas de acordo com a situação da bacia, este é o segundo mais baixo, seguido apenas pelo Nível Crítico 4. “Se eventualmente entrarmos no nível quatro, é o momento em que se inicia o racionamento de água”, avalia.

No entanto, apesar da bacia se encontrar no Nível 3, foi percebido uma recuperação nos últimos dias. Segundo ela, essa recuperação se deu tanto pela chuva ocorrida na região e pelas medidas de enfrentamento aplicadas, que, no caso, consistiram no corte de outorgas. Ou seja, é cortado porcentagem da disponibilidade elétrica para captação de água que empresas possuem.

Quando a bacia é classificada ao Nível Crítico 2, são cortadas 25% das outorgas. Já no Nível 3, o corte é de 50%. “Como exemplo, tempos a indústria Heinz, que faz produção na bacia. Nesse período, quando é cortado 50%, a empresa precisa reduzir 50% dessa captação para garantir que a água chegue à captação da Saneago, para que seja possível promover o tratamento e abastecimento de agua da cidade”, explica Andréa.

Nesse momento, em que as ameaças de um novo apagão se fazem presentes, devido ao período mais seco e com menos chuva, a titular da pasta ressalta a importância da colaboração da população, através do consumo consciente de água, evitando o desperdício.

“É importante que em hipótese se use água para lavar calçadas. Se deve evitar deixar vazamentos de água nas casas, diminuir o tempo do banho, desligando o chuveiro enquanto está ensaboando. Já na lavagem de louças, se pode ensaboar e depois enxaguar, não deixando a torneira aberta durante toda a lavagem. Também pode ser feito o reaproveitamento de água, utilizando a água da lavagem de roupas, por exemplo, para lavar a calçada, se for o caso”, exemplifica a secretária.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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