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A saia justa de Dona Iris Rezende

O filósofo Arnold Schoenberg  afirmou: “Se é arte, não é para todos; e, se é para todos, não é arte.” No complexo tabuleiro em que se joga, nem sempre com regras civilizadas, o perde e ganha da política, Dona Iris domina jogadas dignas dos profissionais. Se até o nome a confunde com o parceiro Iris, ela tinha tudo para ficar como sombra, sem nenhum brilho próprio.

Mas foi à luta.  Sua posição não é fácil. Sobretudo numa sociedade machista e num segmento, o da política tradicional, que enxerga a mulher como um apêndice que só passa a ter relevância quando urge ser retirado em cirurgia meticulosa. Se não fizer coisa alguma, será criticada pela inoperância no exercício do difuso cargo de primeira dama do município. Se ousar alguma coisa, vai oferecer motivos para julgamentos desfavoráveis e censuras a granel. É o que está ocorrendo.

Julgadores de plantão, com pedras de vários tamanhos, já se apressaram a espalhar que ela manda no marido, que está dando ordens no Paço Municipal, que procura os holofotes para se candidatar, voltando ao parlamento federal. Enfim: só não fala abertamente que ela é um pé no saco porque mulher, afinal de contas, é um bicho vingativo. Não é nada disso. Dona Iris está na luta em pé de igualdade com homens que pretendem permanecer firmes no cenário político. Ocupando uma posição privilegiada, com acesso direto ao prefeito, acaba desenvolvendo funções até o limite aceito pelo mandatário do município. Não pode assinar nada, não possui direitos assegurados por lei e só vai até o ponto que Iris deixar. É simples assim.

Não fosse do sexo feminino, o criticismo não teria eco algum. Quantos assessores, pagos pelo contribuinte, já exerceram funções e/ou desenvolveram atos de relevância tópica? Muitos. Alguns ainda são influentes em diversas ações que nem chegam ao conhecimento do prefeito. Ninguém ousa alardear que estão agindo no ponto fora da curva, que são enxeridos ou futricam demais. São homens, ora essa. Não é de hoje a ojeriza com Dona Iris. Nos bastidores estão sempre alegando sua influência – sempre maléfica, destaca-se – nos exercícios funcionais do marido. Tudo normal. Alguém acha que as esposas não tem o direito de influenciar?

Se ela se ajeita, até com feliz desenvoltura, num programa televisivo mostrando a arte da culinária, está tudo bem. Afinal de contas, lugar de mulher é na cozinha. Certo? Errado! A meu ver, Dona Iris tem o direito de lutar pelo o que acredita. Se ultrapassar os limites, há de se cobrar do Iris. Não dela. O que desejam os arautos da repreensão? Que ela se coloque no devido lugar? Qual será esse quadrilátero? Oferecer excelentes reuniões no chá das cinco? Organizar desfiles beneficentes? Mostrar que tem bom gosto nos vestidinhos e sapatos da moda? Será isso?

 

O nó é que Dona Iris, e aqui não faço  julgamentos qualitativos de suas atuações, não se conformou com o papel coadjuvante que muitos entendem que deveria representar. Dá palpites, tem opiniões fortes e soube aproveitar bem os holofotes do clã Iris. Nenhuma coisa diferente de muitos que se elegeram à cauda do foguete, aproveitando a popularidade do pai, do avô e de alguém famoso. Mas sendo representante de um segmento que precisa de cotas para se inserir no clube do bolinha, sua presença fica entalada na garganta dos machões que rosnam na moita e mordem às escondidas. Pois é. Para essa turma está faltando a ela roupa para lavar e um bom fogão para ficar em casa esperando o marido. De preferência com uma bacia de água quente e uma toalha felpuda. Será que ela sabe massagear bem os pés?  Duvido! Diriam os fofoqueiros. Fica tanto tempo se metendo onde não deve que nem teve condições de aprender o que precisa.

Rosenwal Ferreira

Jornalista, Publicitário, Terapeuta Transpessoal

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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