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A patricinha e o limpa fossa

Embora tenha navegado por todos os oceanos disponíveis na internet – confesso ser, neste segmento, um marinheiro de quinta categoria – não encontrei informações que expliquem a origem do nome da badalada festa dos 800 que, segundo consta, agita embalos incríveis em múltiplos rincões do País.

Num desses escorregões que, somente depois, se procura entender, a última versão realizada em Goiânia teve momentos de periferia sem esgoto. Por uma sucessão de erros de planejamento dos gestores do evento, ausência de fiscalização adequada do poder público e uma boa pitada de amadorismo, num show que, nas versões anteriores, se firmaram no profissionalismo. Vacas foram alojadas no seco e parte do público foi parar no brejo.

Como uma foto vale por mil palavras, e muitas vezes substitui um artigo inteiro, o calvário de parte do público pode ser resumido numa foto divulgada pelos internautas, com direito ao famoso antes e depois, de uma moça bem vestida, com maquiagem e roupa de grife, que chegou faceira e teve que sair do evento, numa forçada carona pau de arara e, suprema humilhação, pendurada num caminhão limpa fossa. Precisa dizer mais?

Depoimentos irritados provam uma agonia que ninguém esperava. Gente atolada na lama, percurso no escuro amargando cinco quilômetros de distância e o pânico de encontrar os veículos vandalizados. O assunto, que já deve ser letra morta na mídia, substitui um azedume por outro e, a meu ver, ainda merece análise.

Por exemplo: Não é a primeira vez que os diligentes empresários, que não conheço, faturam os tubos em Goiás, cobrando ingressos com preços luxuosos. As exigências ao seu projeto foram as mesmas que se aplica a empresários locais, em termos de adequação acústica, estacionamento, segurança, conservação e limpeza da área utilizada?

Existiu uma contrapartida, considerando um faturamento que não se incorpora ao PIB regional, no que o Estado e a prefeitura tiveram que disponibilizar em termos de segurança e outros gastos? Se tudo isso foi levado em consideração, ótimo. Temos apenas que aplaudir a iniciativa de quem trouxe diversão de alto custo aos ricos jovens goianos entediados.

Caso contrário vale, no mínimo, uma boa reavaliação. Quanto aos que foram lesados, comprando gato por lebre, que tomem as devidas providências, exigindo na lei o ressarcimento adequado.  Afinal, pelo que consta, sobretudo, considerando o alto valor dos ingressos, são adultos bem informados e endinheirados. Estou errado?

 

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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