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A maioridade penal e o jogo das mentiras

Crédito: Nair Benedicto/N Imagens

As escaramuças ideológicas são de uma cretinice ímpar e sempre atrapalham discussões que deveriam ser conduzidas com seriedade. É  exatamente isso que está ocorrendo com a análise sobre a diminuição da idade penal. Alguns idiotas de plantão (eles nunca dormem) decidiram que o tema se atrela a concepções entre direita e esquerda. No caso a direita, com representação mais consistente no bojo da chamada “bancada da bala”, estaria incondicionalmente a favor da redução para 16 anos de idade. A esquerda, trincando os dentes com as diversas alas comunistas, se posicionaria sem permeabilidade contra a diminuição. Está pronto o salseiro.

Com esse jogo, de nenhum interesse para a sociedade acuada por ações criminosas de todos os matizes, sequer podemos raciocinar utilizando dados confiáveis. O governo alega, por exemplo, que apenas 1% dos crimes são cometidos por menores de idade e que esse percentual não justifica modificar a legislação. Especialistas garantem que os dados são mentirosos, visto que a polícia identifica menos do que 10% das autorias – na verdade 8% – sendo que pesquisas em diversos Estados apontam que menores são responsáveis por mais de 10% dos assassinatos.

A conclusão, com a qual o próprio Ministério da Justiça concorda, é que o País não possui dados confiáveis capazes de nortear as decisões. Daí que tanto um lado quanto o outro, atuam na base do “achômetro”, citando pesquisas inconsistentes de interesse umbilical. Essa equação desqualifica o debate e, seja qual for o resultado final, leva a erros de julgamento. Alguns aspectos, que no final corroboram teses de ambos os lados, parecem muito claros. Primeiro, que não é possível mais tolerar a ação cada vez mais violenta dos bandidos mirins. Como afirma o Deputado Sandes Jr., autor da proposta para diminuição da idade penal, o objetivo não “é pegar o ladrão de galinha, mas colocar atrás das grades o garotão que pratica crimes hediondos, muitas vezes em sequência, com total desprezo pela vida.” Além disso, parece claro que as quadrilhas se utilizam dos menores como matadores de aluguel.

A favor dos que se opõem à proposta, existe a certeza de que nossas cadeias são universidades do crime e não agem para reeducar ninguém. Enfiar os meninos nesse caldeirão será a certeza de colocar mais lenha na caldeira do inferno urbano. E mais: alertam eles,  o crime organizado passaria a utilizar crianças de 15 ou 13 anos. Pois é. Em meio a esse tiroteio, em que todos possuem um naco de razão mas ninguém é dono da verdade, surge uma luz acesa pelo Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Que tal se a legislação for mais dura com menores que cometem crimes de altíssima gravidade? Sem a necessidade de alterar a constituição? Parece uma proposta muito lógica e que poderia agradar ambos os espectros das correntes que se digladiam em debates intermináveis.

 

Mas eis que surge, sempre aparece, uma cavalgadura para lembrar que Alckmin pertence ao PSDB. Teoricamente ligado a fantasmas que assombram as alas radicais da esquerda. Voltamos, então, ao ponto de partida. É nisso que dá ser um País em que tudo lembra partidas de futebol. Alguém precisa ganhar e enquanto o jogo não acaba, a ordem é desopilar ódio a granel. O duro é ser espectador dessas torcidas organizadas da politiquice brasileira. A derrota é sempre do cidadão.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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