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A diplomacia em defesa de traficantes

      As leis da Indonésia são muito claras, em qualquer voo para o País as autoridades fazem de tudo para não deixar dúvidas. Logo na chegada ao aeroporto o passageiro preenche um formulário em que está escrito, em letras garrafais e vermelhas, o seguinte aviso: “pena de morte para traficantes de drogas.” O brasileiro Marco Archer Moreira leu, assinou e tomou ciência do alerta. Mesmo assim, entrou no País com sua asa delta entupida de cocaína, mais do que disposto a um voo arriscado pelos princípios da ilegalidade. Se espatifou no raio X da verdade, foi preso, julgado e condenado de acordo com os princípios legais estabelecidos pela constituição da nação soberana.

       Atrás das grades, percebeu que não podia contar com as brechas da legislação brasileira e, menos ainda, com o jeitinho nacional capaz de amenizar a vida até de barões do narcotráfico. Como diria uma antiga gíria, estava no “pau da goiabeira”. Seu advogado fez de tudo para impedir a sentença de pena de morte. Não deu certo. Vítima da clareza de suas ações e de seu comportamento criminoso, agindo como traficante, a lei tinha que seguir seu curso para dar a certeza de que a Indonésia leva seus rigores a sério.

     Depois que o caldo entornou, entra em cena a imprensa e o Governo brasileiro. Alguns veículos deram na telha de considerá-lo uma vítima, que apenas queria vender droga pesada para continuar voando como um passarinho, sendo que o Itamarati jogou todas as cartas para evitar que a sentença de morte fosse cumprida. A Presidente da República, Dilma Rouseff, se empenhou pessoalmente e se declarou arrasada com o fuzilamento do criminoso, tendo chamado o embaixador de volta ao País.

    Quanta hipocrisia. Tentaram envolver até o papa, um argentino esperto que preferiu se omitir na jogada. Ora, convenhamos. As autoridades não deviam gastar energia na empreitada. Por que não vale salvar uma vida?  Somos a favor da pena de morte? Nada disso. O que importa é que a lei, ao contrário do que acontece no País da impunidade, foi levada a termo do começo ao fim. É um exemplo. Não um motivo para condenar a Indonésia. Nós é que estamos errados em tratar os traficantes a pão de ló, permitir que continuem mandando nas quadrilhas mesmo estando no chilindró, com direito a visitas íntimas e, não importa sua periculosidade, ficam apenas alguns anos na cadeia. Aqui o crime compensa. Na Indonésia não.

   Definitivamente eu não entendi. Queriam o quê? Que o bandido, pego em flagrante, fosse tratado diferente só pelo fato de ser brasileiro? Tudo bem que gente de outras nações sejam fuziladas por tráfico internacional, com exceção dos garotos de Ipanema  que são uma casta superior? Que sirva de lição. Quem se aventurar em falcatruas, roubos, assassinatos e tráfego de drogas em nações que levam a justiça a sério, vai pagar caro. A lambança que protege atos criminosos só tem guarida em solo afrolusotupiniquim. Por essas outras é que o cidadão de bem está na merda.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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