Discussões acaloradas nas redes sociais e na chamada grande imprensa do País, alimentou incertezas e inquietações porque a candidata Marina Silva, até o momento um fenômeno na intenção de votos, abre e consulta a bíblia em momentos de dúvidas à procura de inspiração. Talvez por ser um conservador em termos de fé e princípios cristãos, eu não entendi a polêmica. Na verdade tenho medo e receio visceral aos que não recorrem à bíblia. Os que procuram o livro sagrado, na pureza das intenções íntimas, me tranquilizam.
O episódio demonstra o quanto a nação se afundou na inversão de valores. Quem acredita em Deus é chamado de retrógrado ou coisa pior. Se o pai da família dá valor ao pedido da benção paterna, exige respeito e acha mais natural que as uniões matrimoniais sejam entre pessoas do sexo aposto, recebe o apelido de dinossauro atrasado. Pobre do cidadão que ousa ser contra o uso de drogas, sobretudo a maconha, já plenamente aceita como símbolo do progresso de uma nova era.
Já me posicionei abertamente pela liberação da maconha, porque entendo que é a forma mais inteligente de frear o consumo, e particularmente acredito que os seres humanos podem se unir com os que amam, mesmo que sejam do mesmo sexo. Já vivi o bastante para não adotar posições inflexíveis, visto que a dinâmica social implica em rever conceitos e admitir interações arejadas por amplas aceitações populares.
O que me agasta profundamente é o preconceito invertido, que é tão danoso e injusto quanto os que se aprendeu a combater. Se a pessoa mantém sólidas convicções religiosas que sejam aceitas com naturalidade, sem os rótulos e desqualificações de quem discorda. E daí se o sujeito não enxerga com bons olhos o casamento gay nos moldes tradicionais? Não tem esse direito? Tem que ser combatido, perseguido e censurado com todas as armas? Não está certo.
É necessário exercitar a democracia na convivência cotidiana. Deve prevalecer o estilo “não concordo, mantenho minha posição, mas vou discordar no campo das ideias, com ética e argumentos construtivos”. O que se enxerga hoje é a ausência das análises saudáveis e a adoção do ódio, transformando em inimigos – os quais se combate a qualquer preço – aqueles que não comungam da mesma visão. Nessa correlação, as maiorias acabam amargando sofrimento e perseguição pelas minorias ruidosas. Com muitos se esquecendo o quanto é ruim ser difamado, vilipendiado e caçado por discordar em assuntos polêmicos. O ódio e o radicalismo jamais serão bons conselheiros. Enfiar convicções goela abaixo, com as pessoas recuando com receio de retaliações, é inútil na real soluções de impasse. Vamos pensar nisso.
Rosenwal Ferreira, jornalista e publicitário
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