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País onde cachaça é água

País onde cachaça é água

Por mais surpreendente que possa parecer, alguns de nossos parlamentares lutam para garantir o direito de ingerir álcool nos estádios em que se realizam jogos de futebol. A quizila mais forte se concentra na restrição da Fifa durante a copa do mundo. Vá lá que a entidade é um pé no saco e se acha proprietária do planeta. Mas como diria o farrombeiro José Genoíno, “uma coisa é uma coisa outra é outra coisa.” No caso em questão, os organizadores procuram defender os torcedores. Só os maus intencionados é que não enxergam o fator explosivo ao se aglutinar multidões, paixões emocionais e cachaça.

Os argumentos oscilam entre o risível e o oportunismo deslavado. O deputado do PT de São Paulo, Vicente Cândido, por exemplo, afirmou que “não dá para vender bebida no dia do show da Madonna e não vender no dia do Jogo do Corinthians. Qual é o pecado nisso?” Parece até brincadeira. Ele devia defender a tese abolindo bebidas, também e principalmente, nos eventos que reúnem milhares de pais de família. Retruco: qual o pecado nisso?

No País de ponta cabeça, danação que afeta a alma é defender posições corretas. Essa gente ordinária, que entra de sola no que eu batizo de lobby da pinga, veste o manto da hipocrisia e se recusa a enxergar uma cruel realidade. O álcool mata mais brasileiros do que guerras que consideram sangrentas. Qualquer palerma sabe que não oferecemos transporte público à altura da demanda, que as pessoas vão aos estádios em veículos particulares, que a fiscalização é impossível de ser realizada a contento e que muita gente vai padecer vítima de acidentes fatais.
Os embusteiros vão se apressar afirmando que o povão enche a cara de qualquer maneira. Então vamos facilitar! Certo? Errado! É necessário criar restrições capazes de evitar tragédias. O problema é que o país está minado de aproveitadores. Gente que joga para a platéia de forma inconsequente. Sempre dispostos a obter votos e simpatia sem medir os estragos em cascata.

Por essas e outras é que ocupamos a ingrata posição entre as nações em que o contrato entre álcool, direção e Lúcifer, é avalizado por autoridades. Os cemitérios, hospitais e cadeiras de rodas, comprovam que a parceria vai muito bem. Mas querem melhorar. Quem sabe mudando a lei geral da copa e oferecendo bebida de graça nas arquibancadas?

Jornalista e publicitário Rosenwal Ferreira
Twitter: Rosenwal

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

2 Comentários

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  • Sem hipocrisia, a sociedade poderia enxergar q o mal não é ir abrindo portas que depois não serão passíveis de fechar (legalizar mais drogas!!!) e sim fechar algumas que nunca deveriam ter se escancarado. Fico pasma em observar q ter valores morais virou demodê…Onde iremos parar!?