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Queijos e biscoitos na cueca

Notícia amplamente divulgada numa babel de múltiplos veículos de comunicação, informa o seguinte: “O deputado Celso Jacob (PMDB-RJ), atualmente detido no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, passará 7 dias em regime de isolamento após ter sido flagrado com alimentos escondidos na roupa durante a revista. No último domingo, 19, Jacob voltava para o cárcere e, durante o processo de vistoria, os agentes penitenciários encontraram dois pacotes de biscoitos e um queijo provolone escondidos dentro de sua roupa íntima. Jacob foi condenado a 7 anos em regime semiaberto por falsificação de documento público e outras irregularidades cometidas durante o período em que foi prefeito de Três Rios (RJ).”

Por todas as mazelas que os maus políticos afligem ao sofrido trabalhador brasileiro, a primeira reação ao ler a notícia nos remete a uma sensação de prazer mórbido. Bem feito! Que o sacripanta sofra chorando nos porões. O tópico até nos lembra as cenas de dinheiro parrudo escondido na cueca de parlamentares.

De outro lado, esquecendo que o protagonista da história faz parte do segmento mais odiado da nação, o episódio nos leva a analisar aspectos primários da necessidade humana. O tal sujeito, na ordinária condição que afeta qualquer preso, arriscou regalias e sujeitou-se a punições para comer queijos e bolachas. Eis o desejo e a fome mostrando o quanto somos iguais.

Ironicamente, a casta que domina, controla e suga o país, só percebe questões mundanas quando lhe doí o fígado. Do contrário, pairam acima dos mortais comuns, justamente quem lhes garante mordomias e sinecuras inacreditáveis, na ilusão de uma superioridade que não existe.

Os salários dos príncipes fogem de qualquer parâmetro da vida nacional. São julgados, fato raro, por um lento e benevolente fórum privilegiado. Os percalços da economia não lhes atingem. Recebem auxílio moradia, telefone, jantares às custas do contribuinte, passagens aéreas, se deleitam em jatinhos e helicópteros particulares, fazem turismo internacional com dinheiro da viúva e, regra geral, participam babando do leilão absurdo das verbas ministeriais.

Sendo assim, nos enche de prazer quando um deles urge esconder biscoitos amoitados nos testículos. Aos que se lixam, imaginado ser um sentimento coletivo isolado, com foco apenas no cretino que não foi esperto o suficiente, é bom colocar as barbas de molho. Maria Antonieta perdeu o pescoço na guilhotina ignorando os rumores do povão. Tem gente que não percebeu, ainda, que milhões já estão comendo brioches.

 

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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