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O Zé e os manés

Quem se der a pachorra de ouvir duas horas e vinte minutos nos depoimentos de José Dirceu certamente vai chegar à conclusão que o tal “guerreiro do povo brasileiro”, segundo versão dos petistas, é um gênio vítima de empresários cretinos. Estes, um bando de manés, que mal sabiam fazer a letra “o” com um copo e faziam favores majestosos ao ex-ministro apenas para alardear intimidade com um sujeito de potência intelectual incomum.

Cínico ao ponto de acreditar em sua própria lorota, Zé Dirceu menosprezou a inteligência dos inquisidores ao afirmar, entre outras bobices, que jatos de luxo lhe foram cedidos, dezenas de vezes para cruzar o céu do país, apenas porque os proprietários das aeronaves achavam natural colaborar com suas viagens. O que pediam em troca: nada, absolutamente nada! Sequer solicitavam que entregasse a aeronave limpa e perfumada. Não é lindo? Nós, as “bestas”, arcamos com a maior carga tributária do planeta, de longe a mais injusta e mal aplicada, é que colocamos uma pitada de maldade na história. Inveja de quem não possui admiradores tão generosos?

Afinal, convenhamos, o que existe de errado em ceder uma aeronave que custa milhões, cujo piloto cobra os tubos, arcando com despesas de combustível e outros custos, apenas para agradar alguém tão simpático quanto o Zé Dirceu? Estás brincando, Dirceu? Os envolvidos na dispendiosa brincadeira pelos ares não ficaram milionários fazendo graça para ninguém. Essa informação não mantém o menor senso com a realidade no mundo dos negócios. É claro que o juiz Sérgio Moro ouviu, mandou registrar, mas não acredita em uma única vírgula da esdrúxula explicação.

Outra burla, essa com jeitão de escárnio e deboche, foi a afirmação de que recebeu, durante longo tempo enquanto estava preso, o cativante salário de mais de 60 mil reais, por uma promessa de serviços que poderiam ser prestados no futuro. Como? Deu para entender? Será que os investidores, que estão entre os homens mais poderosos e influentes do mundo corporativo brasileiro, são tão idiotas ao ponto de topar algo tão inusitado?

Estamos falando de pagar, altas somas, a um advogado que se encontra atrás das grades, por um pretenso serviço que poderia ser prestado. Dá para engolir? José Dirceu, o guerreiro do povo brasileiro, achou que sua explicação foi convincente e factível. Jurou tal asneira na maior cara de pau, olhando torto para quem duvidasse da versão fantasiosa. Foi de doer! Chama particular atenção à expertise, acima de qualquer média, nos serviços prestados aos imbecis encastelados na diretoria das construtoras. José Dirceu sacramentou, por diversos ângulos, que atuava em carreira solo como advogado, justificando receber milhões de reais, por uma atividade especialíssima que somente ele, isoladamente, era capaz de oferecer. Nada ilegal.

É que se tornou, após deixar o governo, uma das mais enriquecidas sumidades em desenvolver negócios internacionais. Para isso, pasmem, precisava apenas contar com o auxílio de motoristas, copeiras, secretárias e arquivistas. Desbancou, para o espanto de escritórios veteranos, equipes que Agora, depois que firmas de grande porte usufruíram de sua rara inteligência, administradores desaforados indicam a existência de propinas inconfessáveis. Quanta injustiça! Ao término das lamúrias, e de tantas explicações comoventes, fica a sensação de que o único pecado de Zé Dirceu foi o de não saber como gastar mais de 44 milhões de reais injetados em sua pródiga empresa. Ele jura que 85% do faturamento foi para o ralo das despesas cotidianas. Será? Pode ser. O motorista e os seguranças do ex “capo di tutti capi” do PT devem estar muito bem de finanças.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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