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O céu e o inferno do marqueteiro

Sob o ponto de vista histórico e à luz de uma inteligente análise filosófica, negar acesso ao livro escrito por Hitler é um erro de gente miúda que prefere ignorar os fatos a estudá-los para impedir que se repitam. Foi o chefe nazista, o artífice de uma das mais horrendas páginas da crueldade humana que registrou a seguinte afirmação: “as grandes massas cairão mais facilmente numa grande mentira do que numa mentirinha”.
Com a recente prisão do marqueteiro João Santana, que para muitos atuou em moldes de um ministro da comunicação do lulopetismo, após Duda Mendonça ter sido exorcizado por falar a verdade nas investigações do mensalão, vale discutir o papel dele na montagem de uma monumental lorota que permitiu a reeleição de Dilma Rouseff.
Parte dos profissionais considera normal que ele tenha utilizado artimanhas, engodos e ilusões para atingir os objetivos da cliente. Os que pensam dessa forma acreditam que a profissão é um exercício de fins que justificam os meios e que a única falta de ética é perder. De resto, dane-se a verdade e a falta de escrúpulos no trato com adversários.
Especialistas com apurado nível de consciência se recusam a tal exercício de empulhação. Entendem que é possível alinhar ideias honestas, projetos factíveis, respeito ético e atingir os objetivos. São profissionais que preferem abandonar a empreitada a abrir mão de valores cristãos básicos. Ao contrário do que se imaginam, principalmente, pela babel de torpezas que permeia a politiquice brasileira, eles existem e impedem que a carnificina seja ainda pior. Em muitos casos são vozes isoladas que barram a destruição de famílias e reputações.
Urge a necessidade de criar mecanismos, assim como existe o CONAR para julgar peças publicitárias que agem com desregramento, capazes de punir marqueteiros que, premeditadamente, utilizam técnicas mentirosas com distorções que enganam a população. Que sejam punidos pelo engajamento na fraude, na sedução que leva a ao desfecho com base em dados ilusórios.
Percebe-se claramente, no exemplo atual de João Santana, que suas táticas de campanha, destruindo o moral de Marina Silva e de Aécio Neves, com uma demolidora linguagem difícil de ser combatida e em uma habilidosa roupagem em que Dilma usou argumentos falsos, agrega os mesmos parâmetros em sua danosa e flexível moral particular. Não faz sentido que tenha recebido mais de 150 milhões de reais legalmente e, não satisfeito ainda abriu empresas no Panamá para um extra de US$ 7,5 milhões. Uma ganância que redundou em cadeia e investigações que o levaram do céu ao inferno em uma guinada tão rápida quanto desmoralizante.
Por conta de um prosaico bilhete, contendo o registro de uma conta envolvendo offshores no Panamá, o casal sai do jet internacional para uma cela cheia de mofo. A mulher do influente marqueteiro, jornalista Mônica, não mais poderá dar ordens que eram cumpridas à risca. Ela terá que se contentar com os despachos de uma carcereira. Uma guinada para inimigo nenhum botar defeito. Adeus aos serviços de quarto cinco estrelas e aos jantares de se invejar. Pode ser apenas o começo de um calvário imprevisível.
Se vão colher o que plantaram somente o tempo dirá. Mas tudo indica que o destino já está cobrando sua fatura. Sair direto de uma viagem internacional para ser preso no corredor de um aeroporto, com direito a divulgação em todos os rincões, é um dano moral mais amplo do que um programa do TRE. Aqui se faz aqui e aqui se paga? Parece ser o caso.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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