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O candidato do eu sozinho

Com sobrenome de veículo turbinado, a procuradora Raquel Dodge, uma goiana que nos honra, sustentou, com base no Pacto de São José da Costa Rica, e na falta de uma proibição constitucional sobre o assunto, que há possibilidade de haver candidaturas avulsas no sistema eleitoral brasileiro. Essa probabilidade tem adquirido sustância de sopa grossa, sobretudo quando ferve no caldeirão a desconfiança com os partidos, na absurda proliferação de agremiações que só existem para sugar o contribuinte.

Sou até suspeito para escrever sobre o assunto, visto que, em mais de 40 de profissão, nunca me filiei a nenhum partido político, embora tenha sido convidado, porque nenhum deles atende meus complexos pré-requisitos. Embora entenda que eles precisam ser fortalecidos e são importantes no exercício democrático, me azeda a ausência de foco programático, de consistência ideológica e, principalmente, da falta de liberdade nas vísceras controladas por caciques, que norteiam ações de perseguição, exigindo subserviência.

Embora, no meu caso específico, eu seja muito covarde para enfrentar uma eleição avulsa, conheço pessoas honradas que desconfiam das siglas e topariam uma candidatura livre das pressões e do crivo enrascado na babel das que existem. Pode ser um caminho para uma necessária renovação.

Não se trata de uma equação simples. Existem prós e contras. Uma delas está atrelada ao processo de divulgação na eterna novela de um financiamento justo e com iguais oportunidades. Existem outros senões de ordem plural visto que o atual sistema não foi moldado para aceitar um eleito que não seja atrelado a algum clã. Ele poderia se aliar mais tarde? Seria tratado como um pária no congresso? Teria como participar das comissões?  Seria  realmente útil? Corre o risco de ficar como uma planta sem água? Qualquer analista mediano encontraria inúmeros senões.

Em todo caso, como a vaca já está no brejo, não custa imaginar a presença de independentes, sem nenhum compromisso formal com o ninho de escorpiões atuais que se atolam na corrupção. Na pior das hipóteses, seriam olheiros a denunciar acordos inconfessáveis. Ilusão? Infantilidade? Pode ser. Mas por que não tentar? O que temos a perder? Muito pouco.

Raras são as ideias, factíveis, para mudar o que está posto como intolerável. Se alguns já se revoltam ao ponto de chamar o exército para colocar ordem na lambança, o que, a meu ver, não seria rima nem solução, mesmo que toda a tropa se chamasse Raimundo, essa gota de esperança do candidato avulso é algo de se aplaudir. Quem sabe o receio de tornar os partidos obsoletos não os faça tomar vergonha. Quem sabe!!

 

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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