Numa jogada que deve ter agitado o esqueleto de Ulisses Guimarães, o PMDB jogou o P na latrina e ressuscitou o MDB, como se a estratégia pudesse redimir os erros do partido, colocando os membros da agremiação atual em nível ético aos que deram origem à sigla. Na lambança, no excesso podre até os ossos, de partidos que jorram aos borbotões, o eleitor não deu a mínima.
Esse justificável descaso do povaréu parece encorajar os políticos a conchavos umbilicais de causar indigestão. Em terras do cerrado, se puder acreditar nas informações da imprensa, o cardápio se presta a oferecer um osso duro de roer.
A despeito dos principais ícones do PT em Goiás soltarem o verbo, babando impropérios e classificando o presidente Michel Temer de golpista, os caciques estão dispostos a subirem no mesmo palanque e darem as mãos, numa união fraterna rumo ao poder. Almejam dividir, em caso de vitória, a degustação de guloseimas nos feudos de influência, empregos de cabide e outras sinecuras.
A arraia miúda, essa que discute e se enrosca em confronto que separa até casamentos, não enxerga interesses comuns entre PT e MDB. Ingenuamente, entende que são adversários ferrenhos. Afinal, convenhamos, PMDB, hoje, MDB, deu uma rasteira em Dilma, Lula e Cia Ltda. Imaginem subir no mesmo palanque?
Se for de interesse, e sem nenhum desconforto, vão se abraçar em sorrisos generosos, elogios rasgados e aplausos emocionados. Quando se persegue o poder, e o único objetivo é esse, entra em cena o jogo do vale tudo.
Triste sina dos brasileiros que se atolaram, bancando a conta, em dezenas de partidos que, teoricamente, mas apenas teoricamente, se prestariam a representar diferentes segmentos ideológicos. Na prática só existem dois partidos políticos: os que estão no poder e não querem sair e os que estão fora e querem entrar. Mais ordinário do que isso, impossível.
Rosenwal Ferreira é Jornalista, Publicitário e Terapeuta Trans-Pessoal
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