A veterana Juli Briskman, uma analista de marketing de 50 anos de idade, jamais poderia prever que um gesto de irritação, pedalando uma frugal bicicleta, poderia lhe render o dissabor de perder um excelente emprego. Foi justamente o que aconteceu quando ela, agastada com a comitiva de limusines do presidente Donald Trump, decidiu mostrar o dedo do meio, gesto gravado e divulgado exaustivamente. A empresa que ela representava, considerou o gesto obsceno, como uma afronta ao seu cargo e a enfiou sem rodeios no olho da rua.
Nós brasileiros, que temos um olhar romântico sobre a democracia, enxergamos o direito fora do ambiente de trabalho como uma prerrogativa particular. Com essa ótica, analisamos a demissão estilo USA como uma injustiça que, fosse em terras tupiniquins, se prestaria a render bons trocados nos tribunais especializados.
Mesmo que Donald Trump seja um presidente impopular. Classificado como homofóbico, machista, belicista, racista e representante de uma elite que se lixa, ninguém se incomodou com o desligamento sumário da moça, sem condescendência ou direito a explicações. Será um exagero? Para o norte americano nem tanto. Eles entendem que existe uma liturgia do cargo, a ser preservada a todo custo, que transcende a grandeza ou insignificância de quem está momentaneamente no poder.
No imenso caldeirão que ferve a sopa política tupiquinim, esse conceito é apenas uma nuvem que dissipa ao sabor do vento, de interesses de grupelhos ou das escaramuças de ocasião. Recentemente, apenas para citar um exemplo, o pop star “Gabriel O Pensador”, procurou emplacar um sucesso, visto por milhões de brasileiros, em que narra sem rodeios o prazer inominável de se matar o presidente.
O alvo na origem de seus versos teria sido o ex-presidente Fernando Collor no auge de sua impopularidade. Como uma coisa puxa a outra, o trovador com nome de anjo e uma ideia do capeta, visto que assassinato não é de Deus, adaptou sua própria criatividade para o atual presidente Michel Temer. Felizmente a mambembe prosa canção não chegou ao hit parade. Faltou tudo. De bons arranjos musicais ao bom gosto.
O mais interessante, dentro do cerne de minha análise, e que ninguém cogitou frear o estilo de provocação, uma evidente ode à violência como opção de protesto, direcionada ao representante mor da nação. Aceito, e até concordo, com todas as críticas que Michel Temer merece. Mas é certo incentivar a morte do presidente? Claro, vão alegar que se trata de mera alegoria, uma figura retórica? Uma metáfora? Pode ser. Errados são os gringos que levam simbolismos nacionais muito a sério. Pois é!
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