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Deus é brasileiro?

Nem morrendo o sujeito descobre quem inventou a lorota de que Deus é brasileiro. Na antítese dos registros poucos se atrevem a dizer qual seria a nacionalidade do capeta. Eu posso afirmar, sobretudo quando vejo as diatribes do intragável Maradona, que, paradoxalmente, a terra do atual papa é um quadrilátero com boas chances de ser o berço de satanás. Birra minha, claro.

A crença de que o supremo criador tenha origens nos céus, que mostram as estrelas do Cruzeiro do Sul, já renderam prosas, versos, filmes, comédias deliciosas e existe até para quem acredita na afirmação. Uma letra do grupo Biquini Cavadão diz o seguinte: “Quem foi que disse que amar é sofrer? Quem foi? Quem foi que disse que Deus é brasileiro, que existe ordem e progresso, enquanto a zona continua no congresso?”.

Sem nenhum viés de heresia, até porque tenho uma formação cristã de firmes raízes, estou convicto que, se Deus for brasileiro, há muito tempo já pediu asilo na Nova Zelândia. No duro, não dá para acreditar que ainda esteja segurando as pontas nesta lambança ao sul do equador.

Mesmo que muitos padres, missionários, pastores e espiritas queiram acreditar nesta frase, que nos remete ao lado poético, amoroso e religioso do povão, fica muito difícil, atualmente, defender essa posição. Os adeptos de Allan Kardec, por exemplo, alardeiam que somos a pátria do evangelho. Será? Duvido muito.

Fosse essa uma verdade defensável, seria o caso de esquecer que, ainda em pleno século 21, colocamos milhares de cidadãos em cadeias típicas da idade medieval, somos capazes de matar a troco de um par de tênis, assassinamos mulheres por motivos banais, praticamos torturas aprovadas pelos pais de família, honramos (honramos?) o primeiro lugar no pódio internacional da corrupção, praticamos a mais injusta carga tributária do planeta e assim segue o rol das inúmeras desgraças nacionais.

Quer mais? Vamos a galope. Estamos no topo entre as nações que realizam abortos clandestinos, campeões no uso de cocaína e outros tóxicos, o nosso transito mata mais do que guerras cruéis, gangues proliferam tomando conta das cidades, os níveis de prostituição infantil são alarmantes, os idosos são diuturnamente desrespeitados e o frágil pacto social está derretendo.

O que fizemos com Deus? Estamos literalmente expulsando-o dos lares, das escolas, das repartições públicas e do convívio diário. Os que clamam a presença do senhor são classificados como retrógrados, atrasados, e com a ira típica, alguém sempre lembra que o País é laico.

Renegado a segundo plano, Deus respeita. Os “patrícios” da terrinha não sabem o que fazem. Ignoram, quanta estupidez, que o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória.

Rosenwal Ferreira Jornalista, Publicitário e Terapeuta Transpessoal

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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