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Buraco sem fundo ou fundo sem buraco?

Em uma ilusão que está custando caro e cujas soluções podem levar décadas, segmentos importantes da sociedade imaginaram que os graves problemas nacionais eram uma dor de cabeça da arraia miúda. Ingenuamente, acreditaram que bastava ter caixa para bancar a conta e estariam com armadura protegida das mazelas do povão.

Para se resguardar da violência dos guetos sujos, das favelas abandonadas e das esquinas da selva urbana mal iluminada, por exemplo, ergueram-se muros que lembram castelos medievais, contrataram-se cavalariços modernos, valeram-se da alta tecnologia do “big brother” das câmaras de vigilância e batizaram suas ilhas com o pomposo nome de condomínio fechado. Lindos, arborizados, um oásis cercado de problemas por todos os lados.

Demorou-se perceber que era apenas um devaneio, um engano imaginar salvar-se do naufrágio coletivo trancando-se na cabine de luxo. Ao sair do “shangri-lá” para qualquer atividade cotidiana, os nobres passaram a sangrar em igualdade com os plebeus. A questão de segurança pública não permite barganhas particulares. Viver isolado, além de ser um porre, é uma missão impossível.

Quando os intocáveis notaram, em toda sua face horrenda, que os desajustes que levam à criminalidade incontrolável não obedecem às fronteiras urbanas, a correção se transformou em uma besta de sete cabeças. É um susto constatar que não se resolve a questão tendo o controle de congressistas, a simpatia de juízes ou os segredos e a chaves do cofre.

A morosidade da justiça, a ausência de presídios que recuperam e a impunidade, que tempos idos era um privilégio das castas dominantes, se transformaram em carta de alforria para quadrilhas de todos os naipes. Ninguém está a salvo!

Compensar décadas de descaso e resolver toda essa complexa equação, exige investimentos bilionários, vontade política, tempo e trabalho árduo. Tendo consenso, e um plano bem estruturado, para começar o trabalho imediatamente, milhares vão perder a vida por motivos fúteis. Inocentes vão perecer em uma guerra suja, contínua e implacável, até que se obtenha êxito nos moldes das nações que invejamos.

O pior é que, nem de longe, temos consenso. A classe dominante, com foco nos políticos, anda às turras. Não existe um projeto em nível nacional e, na crise que explode como uma bomba jogada no colo, capital imprescindível foi desperdiçado no ralo da corrupção. O cenário, que já era ruim, está pior. Mudar para outro país está sendo a solução de quem pode e não de quem quer.

Sobre o Autor

Rosenwal Ferreira

Rosenwal Ferreira é jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal. Multimídia talentoso, ele atua na TV Record realizando comentários no quadro 'Olho no Olho', no Balanço Geral. Mantém, há mais de 18 anos, o programa 'Opinião em Debate' que agora está na PUC TV. No meio impresso, é articulista no Diário da Manhã, e no Jornal OHoje.
Radialista de carteirinha, comanda o tradicional programa jornalístico 'Opinião em Debate', que já ocupou o horário nobre em diversas emissoras, e hoje, está na nacionalmente conhecida Rede Bandeirantes 820AM, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 08h30 da manhã. Logo após é membro da bancada mais ativista da felicidade, das 8h30 até às 10h da manhã, na Jovem Pan Goiânia 106,7FM.

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