Aprovadas ou não pelos que condenam a atividade, as casas de prostituição representam uma tradição tão antiga quanto amolar facas para garantir o corte. Tempos idos, quando eram identificadas com uma luz vermelha na porta para impedir que residências de família fossem confundidas com algum puteiro, foram batizadas como “casa de tolerância”. Ou seja: uma atividade que pode ser criminosa, mas tolerada pela sociedade.
As inúmeras opções no meio virtual, um vício paradoxal que ora liberta ora estrangula o cidadão, está tendo reflexos provocando uma mudança, e uma recessão, até nos prostíbulos tradicionais. Recentemente, numa entrevista em que falava do aniversário de uma “honrada” casa de orgias, a cafetina desabafou: “ tá cada vez mais difícil, com a internet todo mundo pode ser puta e faturar em casa.”
É fato! Muita coisa mudou com o acesso simplificado através de um clique. Antigamente, quando o povão queria saber algo a respeito de seus artistas favoritos, comprava revistas de fofocas. A maioria delas, ou fechou, ou enfrenta crise por conta da queda vertiginosa nas vendas. Com tamanha superexposição, em tempo real, numa profusão de bundas, peitos e genitálias em selfies no próprio banheiro, quem precisa ir até a banca para saber de mexericos da Candinha? Fica sem sal.
Ninguém precisa mais bisbilhotar a vida alheia, o próprio cidadão se revela na fanfarra de intimidades que assustam. Isso é bom o ruim? Em minha análise é um desastre. Perdemos mais do que a vergonha. O bom senso entrou para o ralo. Tanto que até as quadrilhas, gente que teoricamente teria algum interesse na privacidade, se revela em redes como o Facebook ou algo similar, mostrando o fruto da bandalheira, exibindo de escopetas em punho a surras nos adversários.
O universo das redes sociais se transfigurou em quadrilátero da imbecilidade, é um puteiro generalizado. Como não é possível identificar as notícias sérias com uma espécie de luz vermelha, estamos digerindo fake news numa escala absurda. Um bacanal para ninguém botar defeito.
Onde vamos parar? Não vamos. Muita água vai apodrecer debaixo da ponte antes que se efetive uma reação à altura do atual festim licencioso. Assim como já contaminou alguns telejornais, os quais muitos se recusam a ver, cresce o percentual de quem está deixando a internet de lado. É uma excelente opção. Se não é possível separar o lixo, ninguém é obrigado a ficar alimentando de podridão. O ideal é se conscientizar separando o joio do trigo, pois, é inegável que o conteúdo do bem é uma admirável fonte de informações e produtividade.
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